UFABC quer ser a instituição mais inclusiva do País

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A UFABC (Universidade Federal do ABC) trabalha para se tornar a instituição de Ensino Superior brasileira com maior número de estudantes com algum tipo de deficiência matriculados até 2018. Para isso, a universidade ampliou sua política de cotas e passará a oferecer 1% das vagas de seu processo seletivo para alunos com esse perfil já a partir de 2014.

Tendo em vista a abertura de 1.960 vagas a cada ano por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que leva em conta o desempenho do estudante no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), serão oferecidas 22 oportunidades para pessoas com algum tipo de deficiência no processo seletivo do próximo ano.

A ampliação do sistema de cotas na universidade, que já destina 50% das vagas do processo seletivo para alunos oriundos da rede pública de ensino, será feita de forma gradativa, explica o pró-reitor de assuntos comunitários e políticas afirmativas da UFABC, Joel Pereira Felipe. A meta é chegar a 5% nos próximos cinco anos.

“Serão disponibilizadas 100 vagas para candidatos com deficiência em 2018. Numa conta rápida, a UFABC poderá ter até cerca de 300 estudantes com este perfil daqui cinco anos”, observa Felipe. Para ele, a ação – primeira observada entre as instituições federais do Sudeste reforça a proposta de inclusão social defendida pela universidade. “Atualmente, temos uma sub-representação da diversidade da sociedade brasileira entre os estudantes do ensino superior, por isso, a importância das cotas”, considera.

Até o próximo ano, a UFABC terá de investir em tecnologias inclusivas, como scanner de voz para auxiliar estudantes cegos nas bibliotecas, lupa eletrônica para pessoas com baixa visão, contratação de oito intérpretes de libras e finalização do projeto de acessibilidade dos prédios da instituição.

CENSO
A instituição federal de ensino da região conta atualmente com 25 estudantes com deficiência, número que corresponde a aproximadamente 1% do total de alunos. De acordo com a Pesquisa Censo e Opinião Discente UFABC, divulgada neste ano, 38,89% dos estudantes apresentam baixa visão, 2,78% são cegos, 22,22% têm deficiência auditiva, 22,22% têm deficiência física e 13,89% apresentam outros tipos de deficiência.

Alunos cobram condições de permanência
A preparação dos professores e a estruturação física e de equipamentos são tidos como principais investimentos que devem ser realizados pela UFABC para a manutenção dos estudantes com deficiência na instituição. Quem defende essa tese são os alunos que têm algum tipo de deficiência e já estudam na universidade, caso do terapeuta holístico Josias Adão, 64 anos, discente do primeiro ano do curso de BC&H (Bacharelado em Ciência e Humanidade).

“Mais importante do que conseguir ingressar na universidade é permanecer”, justifica o estudante do campus São Bernardo. Segundo ele, entre as dificuldades observadas atualmente, a principal é a falta de preparo pedagógico dos professores para com os alunos com deficiência. “Tenho avançado porque conto com a boa vontade dos monitores e alguns docentes, mas é preciso ampliar”, destaca.

EXEMPLO
A instituição federal de ensino mantém, desde o primeiro semestre, curso de preparação de alunos surdos para o Enem no campus Santo André. A iniciativa da professora de Libras (Língua Brasileira de Sinais) da entidade, Maria Izabel dos Santos Garcia, beneficia 20 pessoas e atende a Lei Federal 10.436 de 2002, conhecida como Lei de Libras. A legislação determina que instituições públicas ou privadas devam ter intérpretes no seu quadro funcional para dar atendimento aos deficientes auditivos.

Os conteúdos ministrados aos estudantes surdos são os mesmos passados aos alunos ouvintes, assim como a estrutura e a dinâmica da sala de aula. A única e principal diferença é o uso da Libras para a comunicação entre professores e alunos.

Fonte: Diário do Grande ABC

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