Deficientes físicos têm dificuldades para acesso a agências bancárias em Salvador

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Dados do Censo 2010 apontam que no Brasil, 45. 623 pessoas vivem com algum tipo de deficiência física. Desse total, 700 mil em Salvador. A questão da garantia da acessibilidade para os deficientes ou aqueles com mobilidade reduzida está na lei 10.098/2000 e regulamentada pelo decreto 5296/2004.  No entanto, ainda é possível observar grande dificuldade para que esse público tenha seus direitos assegurados e respeitados. 

Em Salvador, uma das principais dificuldades enfrentada pelas pessoas com deficiência física é durante a utilização dos serviços das agências bancárias. Falta de equipamentos adaptados, despreparo de funcionários e demora no atendimento são alguns dos problemas mais comuns. A situação acontece também nas casas lotéricas.

Para constatar a atual realidade enfrentada por esse público, a equipe da Tribuna da Bahia percorreu algumas instituições financeiras, constatando que a maioria delas não oferece nenhum tipo de acesso para os deficientes. Em muitos locais, não há elevadores adaptados, balcão de caixa rebaixado, piso tátil, rampa de acessibilidade, corrimão nas dependências, assentos de uso preferencial e nenhum aviso informando linguagem em braile. Para dificultar ainda mais o acesso, as gerências de algumas instituições ficam situadas no 2ª e 3ª andar do edifício, o que dificulta o acesso principalmente de cadeirantes. Poucas oferecem elevadores adaptados, que estão quebrados e sem previsão de reforma.

A presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef), Maria Luiza Câmara, que há mais de 30 anos luta pelos direitos dos deficientes, ressalta que o problema da falta de acessibilidade nas instituições financeiras é um total descaso e desrespeito para com as pessoas com deficiência, desde que existem leis e não são cumpridas.

Ela conta que já passou e continua passando por vários constrangimentos nas agências bancárias por falta de acessibilidade. Segundo Luiza, as dificuldades começam desde a entrada da agência, sendo que a chave da porta de acesso para cadeirantes nunca está acessível. “Não há balcão rebaixado nos caixas para cadeirantes. Na hora de colocar a senha para realizar qualquer procedimento, somos obrigados a gritar, para só assim os atendentes escutarem. Por não ter seus direitos respeitados, a pessoa com deficiência perde a privacidade e consequentemente a individualidade. Queremos ser tratados como consumidores”, desabafou.

A professora e atriz Cristina Gonçalves, deficiente visual, ressalta que apesar dos bancos investirem em tecnologia, muitas pessoas com deficiência não são beneficiadas. Ela diz que, por conta do seu problema, só consegue sacar dinheiro diretamente no caixa com o atendente, já que os caixas eletrônicos não dispõem de nenhum tipo de acessibilidade. Gonçalves informou que, há cerca de 17 anos, entrou com um processo contra uma agência bancaria em Salvador por ter lhe negado o direito de abrir uma conta, sob alegação de que seus filhos poderiam utilizar sua senha. “Para realizar qualquer serviço nos caixas eletrônicos tenho que contar com a ajuda de parentes. Somos clientes como outro qualquer e não temos nossos direitos respeitados”, completou.

O presidente do Sindicato dos Bancários na Bahia, Euclides Fagundes, ressalta que acessibilidade é um direito garantido pelos deficientes e que as instituições financeiras devem cumprir a lei. Ele acredita que, se houvesse fiscalização mais intensa por parte da prefeitura através dos órgãos de defesa do consumidor, portadores de deficiência teriam sues diretos respeitados. “É inadmissível nos dias atuais que um cliente com deficiência passe por qualquer tipo de constrangimento. Deficientes são pessoas como outra qualquer e precisam ser respeitados”, completou.

Em nota, através da assessoria de imprensa, a Febraban informou que os bancos associados vêm desenvolvendo ações no sentido de assegurar às pessoas com deficiência condições de acessibilidade aos seus produtos e serviços. Ainda de acordo com a nota, para reforçar esse compromisso, em 2008, a entidade assinou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em conjunto com os ministérios públicos Federal, Estadual de São Paulo, Estadual de Minas Gerais, da Secretaria Especial de Direitos Humanos e a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.

Fonte: Tribuna da Bahia

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