Implantes cocleares oferecem soluções para surdez

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A deficiência auditiva é realidade para muitas pessoas no Brasil e no mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,7 milhões de brasileiros declaram ter alguma forma de deficiência auditiva, o que soma 5,1% da população. Tendo ciência disso, estudiosos e médicos, cada vez mais, desenvolvem métodos que auxiliam pessoas a voltar a ouvir ou até conseguirem, pela primeira vez, ouvir algo.

Um dos métodos mais eficientes utilizado em pessoas que possuem perda grave de audição é o implante coclear. Diferentemente do aparelho auditivo, o implante – também conhecido como ‘ouvido biônico’, – tem uma parte que é colocada dentro da orelha do paciente e uma porção externa, que é acoplada logo atrás da orelha e apresenta uma antena que se mantém em posição por meio de um imã. O aparelho faz com que o nervo auditivo seja estimulado diretamente, causando as sensações sonoras.

Segundo a Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães, otoneurologista e otorrinolaringologista, de Curitiba, o aparelho já é utilizado e reconhecido há mais de 30 anos, portanto, ele não se encaixa como uma tecnologia experimental – apesar de a tecnologia tornar o implante cada vez mais eficiente. Segundo a Central Brasileira de Implante Coclear (CBIC), este é o recurso mais avançado existente para o tratamento da surdez, contando com mais de 150.000 pessoas fazendo a sua utilização – cerca de 2000 delas no Brasil.

O implante coclear funciona de forma diferente do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). “O AASI amplifica o som enquanto o implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea. Isso faz com que o usuário tenha uma maior capacidade de perceber o som da forma mais próxima possível à sensação fisiológica”, explica Rita.

Com a audição reconquistada – ou conquistada pela primeira vez-, o ouvido biônico permite que a pessoa passe a ouvir sons e em muitos casos compreender a fala, aspecto que varia de pessoa para pessoa, dependendo muito do seu problema anterior. “Não é adquirida uma audição normal, perfeita. Distinguir a fala e os diversos sons depende de treinamento auditivo obedecendo a um programa com avaliações sequenciais principalmente no primeiro ano após o implante.".

Pessoas que ouviam normalmente perderam a audição, e então foram submetidas ao implante coclear, descrevem que o som proporcionado pelo aparelho é um tanto metálico, porém o cérebro reaprende a reconhecer os sons. Vale lembrar que o quanto cada pessoa será capaz de ouvir e compreender depende de diversos fatores, como o tempo em que o paciente ficou sem ouvir, se ele já ouviu em algum momento da vida ou não, se tem algum código linguístico estabelecido, etc. "O dispositivo não deixa de ser uma mudança enorme na vida do paciente”, ressalta Rita.

No geral, é visto que crianças implantadas apresentam verbalizações mais frequentes, melhor qualidade e tom de voz, fala mais rítmica e melhor habilidade de produzir fonemas. Elas também mostram uma maior atenção, concentração, interesse em falar, fazem menos barulho e conseguem identificar os sons ambientais. Rita elucida que “os melhores resultados na criança ocorrem quanto menor for o tempo de surdez".

Como ocorrem com outras tecnologias, as indicações do implante coclear abrangem outras situações de perda auditiva. "Casos de surdez severa a profunda unilateral a estimulação sonora do implante auxilia o processamento dos sons na área auditiva cerebral, em conjunto com o lado oposto, garantindo melhora na compreensão da fala, localização dos sons e da percepção do zumbido, este muitas vezes a principal queixa nesses pacientes."

Fonte: Primeira edição

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