Mãe acompanha filho cadeirante até a faculdade diariamente em Cuiabá

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No que se depender da artesã e conselheira estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marlene da Costa Oliveira, o filho Álvaro Menacho, de 21 anos, concluirá o curso de publicidade e propaganda com segurança, pelo menos nos ônibus que pega para ir até a faculdade diariamente. Ela faz questão de acompanhá-lo para evitar desrespeito ou má vontade dos motoristas de ônibus para com o filho, que se locomove numa cadeira de rodas em função de uma anomalia, conhecida como 'espinha bífida', que afeta a coluna.

No período em que Álvaro está na aula, a mãe o aguarda do lado de fora. Para passar o tempo, ela lê um livro ou navega na internet. Marlene diz que tem orgulho do filho, que está no 4º semestre do curso. Por dia, eles pegam seis ônibus, sendo que quatro apenas para ir e voltar da faculdade.

Eles moram no Bairro Altos do Parque, em Cuiabá, e o trajeto até a faculdade, que fica na capital, leva uma hora e meia. "Só o levo por falta de respeito dos motoristas. Prefiro levá-lo por causa disso”, explicou. Além disso, ela e o filho são voluntários na Associação de Espinha Bífida de Mato Grosso (AEB- MT). Para isso, eles tomam outros dois ônibus.

A recompensa, segundo ela, é ver o esforço e a felicidade do filho. Para a mãe, a deficiência não é uma barreira para ele. "Tudo que ele conquistou até aqui é mérito dele. Falo que as conquistas dependem dele. Não é a deficiência que vai evitar que ele seja alguém", disse. Marlene tem 49 anos.

Na época da escola, a mãe o deixava na porta da escola e depois buscava-o, pois era perto da casa onde moravam. “Não reclamo de levá-lo, mas, quando ele sai sozinho ou com alguém, não me importo”, pontuou.

A maior dificuldade foi quando o filho era bebê. Álvaro fez a primeira cirurgia no 2º dia de vida para fechar a medula exposta. Aos 18 dias de vida, ele fez outro procedimento cirúrgico para colocar uma válvula espiral no cérebro para que o líquido que se tem na cabeça passe pela medula e chegue até a bexiga. Álvaro já passou por mais 17 cirurgias nas costas, pernas e joelhos. Por causa das cirurgias, ele perdeu um ano de aula.

Marlene avalia que só suportou as dificuldades devido o apoio recebido dos parentes e amigos. Uma dessas pessoas é a dona de casa Rosângela Divina Silva de Oliveira. “Ela foi uma mãezona para mim. Quando meu filho estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ela mandava comida para mim todos dias no hospital”, lembrou.

Com 23 anos de amizade, Rosângela Divina Silva de Oliveira revela que Marlene é um exemplo de mãe. “Ela é uma excelente mãe, muito atenciosa. Dedica todo o tempo para o filho”, declarou.

Álvaro também tece vários elogios à mãe. Diz que tem muito orgulho dela e a descreve em uma palavra: guerreira. Para ele, o apoio da mãe é fundamental. “Sem ela, eu não estaria na faculdade. Ela me motiva, me ajuda a chegar onde quero”, finalizou.

Otimista, ela aconselha que o importante é não desistir. "Ele não veio para mim à toa. Agradeço a Deus a cada dia que passa por ele ser meu filho”.

Marlene tem outras duas filhas e dois netos. Uma das filhas é casada e a outra mora com o pai.

Fonte: G1

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