No interior de SP, ação busca conscientizar sobre uso de vagas para pessoas com deficiência

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“Vou tomar café rapidinho”; “Volto dentro de um minuto”; “Fui até ali e já retorno”. Essas e outras desculpas normalmente dadas por quem ocupa vagas reservadas a pessoas com deficiência nos estacionamentos públicos e privados foram colocadas ontem em cartazes fixados em cadeiras de rodas que ocuparam o espaço destinado aos consumidores de um hipermercado na região do Campolim, em Sorocaba (SP).

Batizada “Nem por um Minuto”, a ação foi promovida pelos Rotarys Clube Sul e de Araçoiada da Serra, com o objetivo de conscientizar de forma reversa aqueles que não respeitam a regra. A iniciativa partiu do cadeirante e rotariano Leandro Portella. Cansado como tantos que não conseguem estacionar seus veículos em lugares que a lei estabelece como exclusivos para pessoas com deficiência, ele se propôs a “dar o troco”.

Durante duas horas dez vagas permaneceram tomadas com as cadeiras para a contrariedade da maioria daqueles que tentavam usá-las. Ninguém esboçou reação mais intempestiva ou reclamou. O presidente do Rotary Clube Sorocaba Sul, Marcelo Goberto Azevedo, abordou alguns motoristas aos quais entregou um adesivo com os dizeres “Eu Respeito”.

Quem passou pelo local aprovou, como o casal Marcos e Claudia, que se aproximou para elogiar a proposta. “Nós brasileiros estamos acostumados a não levar a sério as normas, as regras de convivência. Isso tem de mudar. Gostei muito e espero que mais gente tome consciência da importância de respeitar os direitos dos outros”, disse Marcos.

Outro casal, Valdecir Júnior e Sheila Mari, não hesitou em cumprimentar os organizadores. “Achei sensacional a ideia. Iniciativas como essa contribuem para a reflexão e fazem com que as pessoas se coloquem um pouco no lugar daqueles a quem, às vezes ou sempre até, impedem de exercer uma conduta tão elementar que é estacionar o carro no espaço reservado”, destacou Valdecir.

O aposentado João Fernandes também gostou do que viu. “Eu não sei se estarei aqui para testemunhar a mudança de comportamento das pessoas, mas aposto no efeito que ações como essa provocam. Tomara que a lição seja assimilada e que o desrespeito pelo menos diminua”.

O mentor da ação, Leandro Portella, ficou paraplégico por conta de um acidente que o vitimou. Consciente, disse que a fiscalização do cumprimento da lei deixa muito a desejar, e que as pessoas com deficiência ainda são muito desrespeitadas. A legislação determina que 5% das vagas de estacionamentos sejam reservadas exclusivamente a esse público.

Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 14% da população possuem algum tipo de deficiência. Em Sorocaba, portanto, aplicado esse índice, existem mais de 80 mil deficientes físicos. Na cidade, para ter direito ao estacionamento as pessoas nessa condição devem se cadastrar na Urbes e colocar o cartão que recebem em local de fácil visualização no veículo. O “Nem por um Minuto” deve se repetir em outros espaços, conforme a organização da atividade.

Foto: Luiz Setti

Fonte: Cruzeiro do Sul

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