Festival Internacional sobre deficiência traz filmes brasileiros

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Jean-Christophe Parisot de Bayard, vereador tetraplégico de Montpellier, é um dos padrinhos do festival. Ele conta que quando era criança, seu pai o levou ao cinema. No entanto, tiveram que deixar a sala, pois o responsável não queria pessoas com deficiência no local por medidas de segurança. Essa lembrança traumática se transformou em vontade de mudar o olhar da sociedade em relação a essas pessoas:

“O fato de eu ser vereador hoje tem a ver com esse episódio, pois acho que todo mundo tem direito ao acesso a tudo o que é essencial, de viver em comunidade, de compartilhar o que é belo. Quero que o olhar mude, no espaço e no tempo. No espaço por que todos os continentes que trabalham hoje para associar pessoas diversas, no cinema, no esporte, na vida social, como no Brasil, que está presente hoje aqui. Eu agradeço a todos que trabalham para que pessoas diversas tenham um lugar.”

Iniciativa da cineasta Katia Martin-Maresco, o objetivo do evento é mobilizar os profissionais do cinema, patrocinadores e sociedade civil pela promoção de uma diferença criativa, destacando a urgência de adaptar filmes e salas para pessoas com deficiências.

Trem-exposição vai organizar exibições de filmes por vários países

O festival começa com um trem-exposição que parte de Copenhague, na Dinamarca, passa por várias capitais europeias e cidades francesas até chegar a Cannes. No trajeto, serão organizados eventos com o tema da deficiência, destacando as iniciativas da coletividade e das indústrias locais.

Na seleção de filmes fora de competição, que serão exibidos no trem-exposição, estão alguns sucesso de público e crítica. “Perfume de Mulher” traz um Al Pacino deficiente visual mas exímio dançarino de tango. Em “Homem Elefante”, John Hurt vive um homem deformado e estigmatizado pela doença que atinge seu rosto. Já “Gilbert Grape – Aprendiz de Feiticeiro” traz Leonardo di Caprio ainda adolescente, no papel de um jovem com deficiência mental. Entre os destaques franceses, há “Os Intocáveis”, sucesso de público a respeito de um cadeirante de origem burguesa e seu cuidador negro de periferia.

“Acho que durante muito tempo, as pessoas portadoras de deficiência eram vistas apenas pelos aspectos relacionados as suas necessidades de locomoção, a outras limitações”, diz Claudia Maciel é ministra conselheira, responsável pelos temas culturais e educacionais da embaixada brasileira em Paris.

“Avançamos muito no Brasil, tanto no fornecimento de serviços, com maior acessibilidade às pessoas. Mas agora já estamos em uma outra fase que é de percepção da humanidade comum que há entre todos os seres humanos, incluindo os deficientes”, acrescenta a diplomata.

Longas e curtas brasileiros vão participar do festival

O Festival Internacional de Curtas de São Paulo, sob direção de Zita Carvalhosa, vai ter carta branca para apresentar uma seleção de filmes sobre a temática da deficiência. Por enquanto, o único longa já confirmado é “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro. O filme fala sobre os desafios cotidianos de Leonardo, adolescente deficiente visual, entre as dificuldades na escola, a descoberta da sexualidade e um primeiro amor. O longa, de 2014, já passou no circuito comercial francês e foi vencedor do prêmio Fipresci, da Federação Internacional de Críticos de Cinema.

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