Projeto lança questionário para analisar o impacto da desinformação nas pessoas com deficiência

A segunda edição do projeto Checagem Acessível aposta no uso da tecnologia para construir uma ferramenta inovadora e inclusiva

Foto de Lari Pontes, Mariana Clarissa e Michel Platini.
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O Instituto de Acessibilidade Comunicacional (Inova.aê) lançou, em janeiro, um questionário para entender os desafios enfrentados por pessoas com deficiência diante da desinformação e das fake news.

Essa é a segunda edição do projeto Checagem Acessível, que busca tornar o ambiente digital mais inclusivo. Na primeira fase, a iniciativa pesquisou a acessibilidade em portais de checagem de fatos, ouvindo tanto agências de jornalismo quanto pessoas com deficiência. Os resultados foram alarmantes: 80% das organizações nunca avaliaram a acessibilidade de suas plataformas.

Além disso, nenhuma dessas empresas tinha em suas equipes pessoas cegas, com baixa visão ou surdas. Também não havia iniciativas para incluir esses grupos nas redações.

A importância da acessibilidade na checagem de fatos

Para Mariana Clarissa, diretora de projetos da Inova.aê, a pesquisa reforça a urgência de conscientizar jornalistas e gestores sobre acessibilidade.

“Vivemos em um momento em que fortalecer o senso crítico da população é essencial. No entanto, não adianta incentivar a checagem de fatos se os portais de notícias não forem acessíveis a todas as pessoas”, destaca.

Agora, na nova etapa do projeto, a Inova.aê pretende usar as respostas do questionário para desenvolver ferramentas inovadoras e acessíveis.

“O objetivo é entender como esse público consome informação e quais estratégias utiliza para lidar com a desinformação”, explica Larissa Pontes, presidente do Instituto.

As pessoas com deficiência auditiva ou surdas podem acessar o formulário neste link. Já o questionário para pessoas com deficiência visual está disponível aqui. O prazo para participar é 22 de fevereiro.

A acessibilidade digital ainda é um desafio

Pesquisas anteriores já indicaram que a acessibilidade digital no Brasil avança lentamente. Um estudo do Movimento Web para Todos (MWPT), realizado com a BigData Corp em 2021, mostrou que apenas 0,46% dos 21 milhões de sites ativos no país eram acessíveis.

Nos anos seguintes, os números cresceram pouco:

  • 2022: 0,50%
  • 2023: 3,3%
  • 2024: queda para 2,9%

Esses dados revelam um paradoxo preocupante. A acessibilidade digital é um direito garantido pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI) desde 2015, mas sua aplicação ainda é falha.

Mariana Clarissa reforça que o problema vai além da tecnologia:

“É essencial conscientizar desenvolvedores, jornalistas e gestores sobre a criação de conteúdos acessíveis. O combate à desinformação precisa ser inclusivo.”

Larissa Pontes complementa:

“Garantir que todas as pessoas tenham acesso igualitário à informação é um passo essencial para transformar o cenário digital no Brasil.”

Compartilhe esta iniciativa e participe da pesquisa!

Do Portal Folha de Pernambuco

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