Cães-guia também necessitam dar adeus ao trabalho, mas, assim como ocorre entre os humanos, uma boa aposentadoria está cada vez mais difícil para esses animais que tanto ajudam as pessoas com deficiência visual. Na tentativa de garantir um descanso confortável aos cães-guias, voluntários de uma organização sem fins lucrativos de São Paulo se mobilizaram e abriram um financiamento coletivo. O objetivo do grupo é arrecadar recursos que serão usados para buscar novos cães-guia nos Estados Unidos, onde há uma instituição especializada nesse tipo de treinamento.
Segundo os idealizadores da ação, o Brasil não tem estrutura para treinar cães em escala. A última estimativa do IBGE indica que há mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no país – mais de 1 milhão com pessoas com deficiência visual severa -, para cerca de 100 cães-guias. Ou seja, um cão-guia para cada 10 mil pessoas com deficiência visual severa.
Dos animais que estão em atividade, há pelo menos 10 em condições de aposentadoria, segundo o Instituto Iris, que está à frente da campanha de arrecadação. Esses animais trabalham há, pelo menos, oito anos ao lado de seus donos e precisam descansar. A presidente do Iris, Thayz Martinez, afirma que a lista de espera para conseguir um cão-guia é grande. Somente no Instituto são 3 mil pessoas à espera de um animal.
“O cão-guia apresenta uma alternativa à tradicional bengala, proporcionando ao cego maior confiança, mobilidade e independência – em relação a terceiros –, permitindo ampliar o contato com a comunidade. Um outro fator relevante é que a presença do cão-guia ajuda a melhorar a autoestima, a combater a solidão e a fazer amigos”, afirma Thays.
Em 2016, o Instituto também realizou uma campanha semelhante e garantiu a aposentadoria dos cães Leila, Sam, Harley e Sirius. Os substitutos deles – Wayne, Valen, Indy e Rudy – já estão na ativa nas ruas de São Paulo. Desde a sua criação, em 2002, a organização já doou 40 cães-guia a pessoas com deficiência visual.
A meta da campanha atual é alcançar o valor de R$ 38 mil reais para custear a ida e volta do treinador e da pessoa com deficiência visual para os Estados Unidos (EUA). Com esse dinheiro, só é possível trazer um cão-guia para o Brasil, segundo o Iris.
Treinamento
Antes de realizar o trabalho como guia, cachorro passa por uma família socializadora responsável por levá-lo a lugares como supermercados e metrôs para que ele possa se acostumar com essa rotina. O instituto afirma que que também é necessário que o deficiente visual passe por um treinamento de 26 dias com o cão. Segundo os organizadores, a meta está longe de ser atingida. Até momento foram arrecadados apenas R$ 4.352,00.
A campanha “Cão-Guia: quanto vale o seu olhar” termina no dia 18 de fevereiro. Conheça a ação.
Fonte: Globo Rural