Olá.
Acho que antes de tudo, devo pedir desculpas. Já faz algum tempo que eu sumi sem dar nenhuma explicação – Não foi por mal, mas é que eu passei um bom tempo sem saber o que escrever. Depois, passei um bom tempo sem nem ao menos ter vontade de escrever. Nada.
A verdade é que é muito fácil escrever nos dias bons, nos dias em que tudo parece perfeito e em que realmente sinto vontade de dizer algo ao mundo. Nestes dias, pode ser que uma crônica saia em menos de uma hora. O problema são os dias ruins.
Aqueles dias que Holly Golightly chamou de dias vermelhos, dias em que você de repente tem medo, mas não sabe exatamente do que. Os meses passados foram cheios desses dias pra mim: dias em que o que eu mais queria fazer era fugir para uma terra distante, no topo de uma montanha e lá ficar, me esconder do mundo que parece cada vez mais odioso e polarizado, do medo que eu sentia pensando sobre o que minha deficiência realmente significava pra mim e o que isso tinha afetado em minha personalidade ao longo dos anos, os dias em que mal consigo pensar de forma organizada, quanto menos escrever para outras pessoas.
Sinto vergonha em dizer, pois afinal vai contra muitas coisas que defendo e que já disse aqui, mas devo ser honesto e dizê-lo: eu não sei muito bem como lidar com meu corpo e parte disso se deve a minha deficiência. Por um lado, tenho grande orgulho de quem sou e da minha história até aqui, mas por outro, há uma dúvida que sempre surge e me faz questionar se eu não deveria ser mais parecido com as figuras que vejo todos os dias, em todos os lugares, o tal normal que já falei tanto aqui (mais sobre o tópico em “Sobre Superstições e Milagres”).
É mais fácil fingir que está tudo bem do que expor a verdade.
A verdade é que todo processo de identificação é longo e árduo, tem altos e baixos, para todo mundo, por mais seguro que se pareça ser em uma foto de divulgação.
Eu estou melhorando, estou reaprendendo, me reorganizando e estou aqui pra dizer que está tudo bem comigo, e vai ficar tudo bem com você também.