Recentemente, passei por duas situações que me fizeram pensar ainda mais sobre como eu me enxergo. Trocar de fisioterapeuta e prestar um concurso público serviram de inspiração para esta coluna e para uma autoavaliação que divido com vocês aqui.
Na hora de fazer a inscrição para o concurso e assinalar a cota, precisei informar meu CID: no meu caso, o G802. Foi aí que resolvi pesquisar no Google para ver o que significava. Eis que veio a ‘paralisia cerebral hemiplégica espástica’. Nome grande, complicado, mas que, explicando em minhas próprias palavras, torna-se como o braço direito junto ao corpo e mobilidade reduzida.
Ao contratar o novo fisioterapeuta, ele pediu que fizesse um e-mail contando o meu histórico de cirurgias e tratamentos. Na hora em que eu estava escrevendo, ocorreu que algumas coisas eu sabia pelo nome técnico; outras, eu fui explicando com as minhas palavras. Como, por exemplo, a cirurgia de estrabismo, que, na minha explicação, é “a cirurgia que fez com que eu parasse de olhar para o meu próprio nariz”.
Toda essa convivência simples e leve entre mim e a minha deficiência não foi fácil, e tem dias que ainda não é fácil como parece. Mas acho que essas duas situações me mostraram que, apesar de nomes e peculiaridades de cada deficiência, o mais importante é como você se enxerga. Por isso, recomendo esse exercício: olhe para a sua deficiência sem deixar de olhar para você mesmo.