Diversidade na escola: o que pais devem observar antes de matricular crianças e adolescentes atípicos

Escolas inclusivas precisam seguir critérios previstos em lei – e além das questões estruturais e pedagógicas, responsáveis também precisam se certificar sobre como o engajamento de estudantes com deficiência é desenvolvido na prática

Três crianças com Síndrome de Down e uma professora reunidas em volta de uma mesa, em atividade criativa.
Compartilhe:

Escolher a escola para uma criança ou adolescente atípicos exige atenção a diversos aspectos para garantir um ambiente inclusivo, seguro e propício ao desenvolvimento integral desse público. Garantia à educação de qualidade, acessibilidade física e infraestrutura adaptada, recursos e suporte especializados, presença de professor ou professora auxiliar, capacitação de docentes, colaboradores e equipe gestora direcionada a atender pessoas atípicas e planos de ensino personalizados são alguns dos direitos previstos em lei.

Mas, para especialistas, a escola inclusiva precisa ter outras características tão importantes quanto as respaldadas pela Constituição. “Escolas inclusivas incentivam a convivência harmoniosa entre todos os alunos, promovendo o respeito e o apoio mútuo, reduzindo o risco de isolamento. Esse apoio social é fundamental para o desenvolvimento da autoestima e das habilidades interpessoais”, afirma Marina Zylberstajn, coordenadora do Instituto Serendipidade, de São Paulo, que atua no suporte a crianças com deficiência e suas famílias, além de ser mãe do Pépo, o Pedro Zylberstajn, filho também do Henri, fundador do Serendipidade.

Foi este tipo de suporte que os pais da Hanna Lazarini Napolitano, de 6 anos, encontraram na escola de educação infantil que a criança frequentou desde os 3 anos de idade. “Escolher a escola foi uma das etapas mais delicadas do desenvolvimento da Hanna. Matriculamos ela numa instituição aos 2 anos, mas por conta da pandemia, ela só foi ter contato com a sala de aula aos 3 anos, em 2021. Fomos muito acolhidos, tivemos espaço aberto a conversas sempre que foi preciso e víamos as necessidades básicas da Hanna serem atendidas. Mas em 2023, por conta da venda da escola a um grupo educacional, houve mudança na operação da gestão escolar – e foi aí que as coisas começaram a mudar”, conta Adriana Lanzarini Sales, mãe da menina e integrante do projeto Laços, do Serendipidade.

“Hanna virou um número ali e tivemos que buscar outra alternativa para o desenvolvimento dela. Em janeiro deste ano, por indicação da mãe de uma amiguinha da Hanna, encontramos uma outra instituição que não colocou nenhum obstáculo pelo fato dela ter síndrome de Down e que tem sido muito satisfatória para nós. Entendemos que o processo de aprendizagem precisa ser feito tanto pela escola como pela família e estamos bem satisfeitos com a parceria que temos neste momento”, explica.

Segundo o Painel de Indicadores da Educação Especial, em 2023, cerca de 1.617.420 crianças e adolescentes com deficiência tiveram matrículas realizadas em escolas inclusivas no Brasil. Para Tatiana Radaic, que também atua como mãe acolhedora do projeto Laços e é mãe da Nicoli Radaic, de 17 anos, a adaptação das crianças atípicas na Educação Infantil é determinante para a forma como esses estudantes vão encarar a vida escolar no Ensino Médio. “Entendo que quanto antes os estímulos forem introduzidos no cotidiano de crianças atípicas, melhor. O suporte de professores ou tutores preparados para lidar com esses estudantes é muito importante para a absorção do conhecimento e para a convivência social também. O Ensino Médio é uma fase com desafios diferentes – além da diversidade de matérias e de professores, tem toda a questão da adolescência, do engajamento, da inclusão. Se eles têm uma base que atenda suas necessidades mínimas no início da vida escolar, essa trajetória tende a se tornar menos complicada ali na frente”, opina Tatiana.

Escola inclusiva  

Conforme a definição do Ministério da Educação e Cultura (MEC), escolas inclusivas são as que garantem qualidade de ensino a cada estudante, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo às individualidades, de acordo com as suas potencialidades e necessidades. Para fortalecer esse movimento, entidades como o Instituto Serendipidade oferecem ferramentas que auxiliam no protagonismo de pessoas com deficiência.

O livro infantil Joca e Dado, escrito por Henri Zylberstajn e editado pela Leiturinha, é um desses mecanismos que promovem a inclusão escolar. A obra está presente em algumas instituições de ensino de São Paulo – a Escola Estadual Enio Voss é uma das que integrou o projeto. “Ter acesso ao livro foi uma experiência que despertou ainda mais interesse em toda a comunidade escolar pelo tema inclusão. Esse trabalho de esclarecimento e conscientização de forma lúdica precisa ser constante, afinal, educar e ensinar é constante. Temos uma professora da sala de recursos que nos instrui bastante e quando recebemos uma criança que necessita de cuidados específicos, damos ciência ao grupo de docentes e cada profissional procura cumprir  seu papel de acolher e incluir nas atividades”, relata Vera Lúcia Torres, coordenadora de Gestão Pedagógica Geral da instituição.

Essa comunicação alternativa e as estratégias adaptativas para suprir as necessidades de diferentes tipos de deficiência é fundamental para uma escola inclusiva na prática. Com uma abordagem ampla e didática, o Instituto Rodrigo Mendes, parceiro do Serendipidade, contribuiu com esse cenário ao elaborar um guia que traz dicas e orientações para famílias de crianças e adolescentes com deficiência no momento de escolher a instituição escolar. O documento gratuito traz desde questões legais como também sugestões dos itens imprescindíveis a serem observados nas escolas.

Da assessoria de imprensa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *