Jornal do Senado chega à 80ª edição em braile

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Senado publicará neste mês a 80ª edição da versão em braile do Jornal do Senado. Distribuída gratuitamente a entidades voltadas às pessoas com deficiência e bibliotecas — inclusive de Portugal — que tenham cegos como leitores, a publicação é um resumo das matérias e reportagens sobre os assuntos mais relevantes da atividade legislativa do mês anterior. Não há nenhum custo de envio pelos Correios, que não cobram a postagem por ser uma publicação em braile.
 
A proximidade das informações com a realidade dos leitores é o principal critério para escolha das matérias. Por isso, ganham destaque temas que tratam dos direitos das pessoas com deficiência, explicou o diretor-adjunto da Secretaria Agência e Jornal do Senado, Flávio Faria. "Nós tentamos equacionar o interesse deles com os acontecimentos mais relevantes, com base no que é publicado no jornal, visto que não temos condições de publicar em braile um jornal diário ou semanal, devido ao processo de produção ser demorado", disse.
 
Segunda edição
 
A Fundação Dorina Nowill, localizada na cidade de São Paulo, é uma das 160 instituições que recebem mensalmente a versão em braile do jornal. Na biblioteca da entidade, a publicação fica exposta na recepção, disponível para os mais de 1,5 mil cegos que frequentam o local.
 
A coordenadora da biblioteca, Renata Lopes, relata que, além do Jornal do Senado, há somente mais uma publicação em braile com notícias factuais. "Nós lutamos para que as pessoas com deficiência tenham acesso à leitura, cultura e lazer, a fim de gozar da vida plena. Então o Jornal do Senado em braile contribui de uma forma inclusiva muito bacana, já que a informação deveria ser igual para todos", disse a coordenadora.
 
No primeiro dia útil do mês, a edição em braile começa a ser montada. São selecionadas entre 25 e 30 reportagens, entre as notícias publicadas na versão diária do Jornal do Senado, que passam por uma segunda edição. O material é então enviado ao Serviço de Impressão em Braile, da Secretaria de Editoração e Publicações (a gráfica do Senado), onde é transcrito para o braile com o auxílio do software Braile Fácil.
 
Posteriormente, é preciso adequar o texto às normas de linguagem impressa em alto relevo, segundo a chefe do Serviço de Impressão em Braile, Marinete Brito. "A primeira impressão em alto relevo passa por uma revisão, feita pelos nossos colaboradores cegos. Após alguma correção, toda a tiragem é impressa", explicou Marinete. Todo o processo leva entre cinco e sete dias.
 
História
 
A versão em braile do Jornal do Senado nasceu em 2009. Com o tempo, o produto foi se aperfeiçoando conforme a necessidade do público leitor, de acordo com Flávio Faria. Em 2012, um leitor cego alertou para a dificuldade em tatear o jornal que, na época, utilizava a encadernação em brochura. "Ele também disse que não conseguia ler as matérias no ônibus porque o jornal não dobrava. São observações que a gente, que não possui deficiência visual, não imagina. Ele nos alertou e, na edição seguinte, adotamos a encadernação em espiral, sugerida por ele", afirmou o diretor-adjunto.
 
A localização e o formato da impressão em braile na capa, com informações sobre a edição, também mudaram. Antes horizontal e na parte inferior, passaram a ser vertical e à esquerda, o que facilita a sua localização pelos leitores cegos que procuram pela publicação nas estantes da biblioteca.
 
A redução dos textos também foi uma sugestão recebida e colocada em prática. Uma reportagem do Jornal do Senado, se publicada na íntegra, pode ocupar de cinco a seis páginas impressas em braile. Decidiu-se, então,  acrescentar um número maior de notícias mais curtas em vez de textos longos. "Para este ano, nós estudamos dar mais espaço para determinadas informações, visto que a leitura estava muito resumida e houve reclamações sobre a ausência de detalhes. O desafio é chegar a um formato em que a reportagem  não seja muito longa, mas, ao mesmo tempo, tenha informações suficientes para a plena compreensão da notícia", disse Flávio.
 

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