Todos os anos, o carnaval mobiliza milhões de pessoas em blocos de rua, clubes e em desfiles das escolas de samba. Nas principais cidades onde a folia acontece, além de pensar qual fantasia usar, pessoas com deficiência precisam levar em conta a acessibilidade nas localidades da festa.
Segundo o último Censo do IBGE, cerca de 24% da população brasileira declararam ter algum grau de deficiência em pelo menos uma das habilidades investigadas: enxergar, ouvir, caminhar, subir degraus ou possuem deficiência mental/intelectual.
Em São Paulo, por exemplo, haverá várias opções de blocos formados ou frequentados por pessoas com deficiência – o “Sim, Podemos” é um deles. O bloco foi criado para promover a igualdade e destacar a importância da presença de pessoas com deficiência em todos os ambientes. Além disso, durante o desfile haverá banheiros químicos acessíveis, Libras e audiodescrição para que todo mundo possa se divertir. Por parte da prefeitura paulistana, foi lançada a 7ª Edição do “Samba Com as Mãos”. A ação, que traduz sambas-enredo para Libras, é realizada anualmente em parceria com a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo.
A luta pela inclusão também ganhou visibilidade este ano no Sambódromo do Anhembi: “Da Inclusão à Superação. Todos Somos Iguais. Sou um Campeão” foi o enredo da escola de samba Camisa 12.
No Rio de Janeiro, a prefeitura está distribuindo 300 ingressos gratuitos para pessoas com deficiência acompanharem o desfile das escolas de samba naa Sapucaí. Os convites para o Setor 13-PCD valem para os dias de apresentação do Grupo Especial, Série Ouro e para o Sábado das Campeãs. Vale ressaltar que a cidade já conta com a escola de samba Embaixadores da Alegria, fundada em 2003 – a primeira agremiação inclusiva do carnaval carioca.
Vários blocos também vão garantir acessibilidade no carnaval do Rio, entre eles: “Tá Pirando, Pirado, Pirou!”; “Loucura”; e “Senta Que Eu Te Empurro”. Já o “Sargento Pimenta” manterá intérpretes de Libras em seu trio. O “Bangalafumenga” e o “Oficina da Alegria” também. Além disso, na festa carioca, serão instalados três mil e quatrocentos banheiros químicos com acessibilidade ao longo do trajeto dos blocos de rua – 10% do total que estará disponível para a população.
“Quando se trata de acessibilidade para pessoas com deficiência, o carnaval ainda deixa a desejar, mas já vemos mudanças. A enorme quantidade de blocos existentes hoje no Brasil, que reúnem pessoas com e sem deficiência, ajuda a dar visibilidade a essa população e ainda lança luz ao tema da Inclusão, de forma leve e descontraída. Vale destacar que nos Sambódromos do Rio e de São Paulo já é realidade a presença de pessoas com deficiência física e visual como jurados e funcionários, desde 2012. Isso ajuda a quebrar preconceitos e ainda abre espaço para a cobrança de políticas públicas direcionadas a essas pessoas”, ressalta o defensor público federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Naves lembra que a pauta Acessibilidade e Inclusão já foi destaque de escolas de samba e blocos de outras regiões do país, como em Manaus. “O Grêmio Recreativo Unidos do Alvorada já trouxe o samba-enredo “Oi, eu estou aqui! Alvorada com um cromossomo a mais mostra que ser diferente é normal”, homenageando pessoas com Síndrome de Down e mostrando a importância da inclusão de pessoas com deficiência”, lembrou o defensor público, acrescentando que também na cidade de Santos (SP), “a Escola de Samba Vila Mathias já desfilou com uma ala inteiramente formada por pessoas com deficiência física, auditiva, visual e intelectual; dentre tantos outros exemplos por todo o país”, conclui.
Inclusão no Carnaval 2023 em outros pontos do Brasil
Em Belo Horizonte, quatro blocos prometem animar foliões com deficiência. Três desfilam no próximo sábado: “Apaetucada”, “US” e “Gato”. O bloco “Todo” desfila no domingo.
Incentivar a inclusão no carnaval também é uma das tarefas da prefeitura de Recife. Assim como em Olinda, a capital pernambucana oferecerá o Camarote da Acessibilidade para o desfile do Galo da Madrugada. Para a folia deste ano, as inscrições para o camarote inclusivo, que tem capacidade para 300 pessoas, já estão abertas.
Em Salvador, haverá camarotes acessíveis, e foliões e foliãs poderão se divertir à vontade, com conforto e segurança, em uma estrutura que vai proporcionar inclusão e bem-estar. As inscrições são gratuitas.
Em São Luiz, no Maranhão, dois dos maiores circuitos de carnaval da cidade recebem, desde 2015, recursos para promover acessibilidade. O projeto Carnaval de Todos incentiva a presença de pessoas com deficiência, com banheiros acessíveis, rampas para deslocamento e intérprete de Libras.