A edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020 trará uma novidade nos recursos disponíveis para atender participantes com deficiências visuais. Pela primeira vez, as provas poderão ser realizadas com o leitor de tela, um software que dá mais autonomia na realização do exame para pessoas cegas ou com baixa visão, por exemplo.
O aplicativo possibilita a leitura de textos que estão na tela do computador, ao converter, por meio de voz sintetizada, tudo o que aparece escrito no monitor. Com isso, o participante pode navegar pela prova de acordo com a sua vontade, ou seja: ler a prova na ordem que desejar; repetir a leitura quantas vezes considerar necessário; ou retomar uma questão no ponto em que escolher.
A medida é parte da estratégia do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC) que coordena a realização do Enem, para ampliar as oportunidades de acesso ao principal instrumento de entrada na educação superior no país.
O pesquisador Francisco Ricardo Lins Vieira de Melo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e membro da Comissão Assessora em Educação Especial e Atendimento Especializado em Exames e Avaliações da Educação Básica do Inep, explica que a prova compatível com o leitor de tela será disponibilizada em mídia eletrônica, em computador providenciado pelo Inep.
“A adoção de softwares leitores de tela no Enem representa um importante passo no reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência visual, além de ser um fator de grande importância na eliminação de barreiras e na garantia de maiores possibilidades sociais e educacionais desses participantes”, disse Melo.
Acessibilidade
O Enem já conta com uma série de auxílios para que mais pessoas possam optar como preferem realizar o exame, como: uso de prova em braile; prova com letra ampliada (fonte de tamanho 18 e figuras ampliadas); prova com letra superampliada (fonte de tamanho 24 e com figuras ampliadas); tradutor-intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e; vídeoprova em Libras (vídeo com a tradução de itens em Libras).
Também são oferecidos serviços de apoio, como o tradutor-intérprete, guia-intérprete, auxílio para leitura, auxílio para transcrição e leitura labial. Os participantes também podem solicitar salas de fácil acesso, mobiliário acessível e tempo adicional. O Inep ainda permite a utilização de instrumentos de acessibilidade pessoal durante os exames.
O Enem 2020 impresso permite que o participante, em conformidade com suas necessidades e o deferimento de sua solicitação de atendimento, poderá levar itens como máquina de escrever em braile, óculos especiais e lupa, por exemplo. O uso de cão-guia é assegurado por lei e também está previsto no edital.
Na edição do Enem do ano passado, o Inep efetuou 50 mil atendimentos especializados, sendo mais de 10 mil para pessoas com deficiência visual. Em 2020, as solicitações para esses atendimentos deverão ser feitas entre os dias 11 e 22 de maio, na Página do Participante. Os resultados serão divulgados no dia 29 de maio. O período de apresentação de recursos vai de 1 a 5 de junho e o resultado final será publicado no dia 10 de junho.
Enem Digital
Neste ano, o Inep inicia a implementação do Enem Digital, que ocorrerá de forma progressiva. Nessa fase inicial, até 100 mil pessoas poderão fazer a prova utilizando o novo modelo. A previsão é que a consolidação deste modelo seja feita até o ano de 2026. A estrutura do exame será igual à da versão impressa.
O processo de inscrição será realizado na Página do Participante. As vagas serão disponibilizadas aos primeiros participantes que optarem pela edição digital, conforme a distribuição prevista no edital. Por se tratar da fase piloto de implantação do novo modelo,, o Enem Digital não estará disponível para “treineiros”, e não promoverá atendimento especializado.
Fonte: Ministério da Educação