TEA: quanto mais cedo o diagnóstico, melhor a inclusão na sociedade

Pessoas com sintomas menos aparentes, acabam não sendo diagnosticadas corretamente e podem aprender a mascarar as manifestações.

Compartilhe:

O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é cada vez mais frequente no Brasil e embora seja percebido nos primeiros anos da infância, algumas pessoas autistas podem chegar à vida adulta sem o devido diagnóstico. De acordo com o IBGE, estima-se que dentre 200 milhões de habitantes do nosso país, cerca de 2 milhões são autistas, o que significa que 1% da população estaria no espectro. 

Debates sobre TEA estão sendo cada vez mais difundidos, especialmente durante esse mês que se encerra, considerado o mês de conscientização do autismo.

Sandro Matas, neurologista, explica que a ciência não tem uma resposta comprovada para a causa do Transtorno do Espectro Autista. “Há diversas hipóteses para a causa do TEA, dentre elas, a herança genética seria a que desempenha um papel essencial”, comenta.

A frequência entre homens e mulheres é de 4:1. Portanto, a cada 5 pessoas com TEA, quatro são homens e uma é mulher, mostrando uma prevalência considerável da condição entre os homens. As principais hipóteses para essa questão, segundo Letícia Oliveira Faleiros, neuropediatra, é de que o autismo pode realmente atingir homens com maior frequência ou até mesmo pode se manifestar de forma diferente em mulheres, o que levaria a um diagnóstico incorreto ou tardio.

“Existem alguns sintomas de autismo que podem não ser lidos como parte do espectro, por exemplo, dificuldade de interação social, reconhecimento de expressões faciais e também no entendimento de piadas, sarcasmo, indiretas e sinais de comunicação não verbal”, explica a neurologista.

Outras características associadas são hiperatividade, falta de atenção ou hiperfoco em atividades específicas, sensibilidade ao som ou ao toque, ansiedade, falta de contato visual, movimentos repetitivos e irritabilidade.

Autismo na vida adulta

Na vida adulta, os sintomas podem se manifestar de forma diferente. Pessoas autistas que possuem sintomas menos aparentes, acabam não sendo diagnosticadas corretamente e podem aprender a mascarar as manifestações do TEA em busca de levar uma vida “normal”.

“Quando a pessoa que sempre teve sintomas leves desde a infância, e os familiares não consideraram a possibilidade de ser TEA, essa criança pode crescer em conflito, almejando agir como um neurotípico e mascarando essas características, o que se torna doloroso para o autista estar o tempo todo usando essa máscara ao invés de poder trabalhar as questões referentes ao autismo para levar uma vida normal dentro de quem ele é”, esclarece a neuropediatra.

Mesmo tardia, a definição diagnóstica contribui no autoconhecimento dessas pessoas, melhorando a qualidade de vida delas e de quem as cerca.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *