Por Janaína Spolidorio, Especialista em educação.
Sempre que se fala em AUTISMO associamos ao termo à palavra ESPECTRO, porque este transtorno envolve situações e apresentações de sintomas muito diferentes umas das outras, mas com similaridades, especialmente na falta de percepção social.
Nem todos têm dificuldade de lidar com pessoas autistas, considerando-as a princípio “estranhas”, mas no geral, com algumas informações simples é possível tanto compreender melhor a situação da pessoa com autismo quanto ter um melhor relacionamento. Desta forma, é de fundamental importância que informações sejam difundidas ao máximo na sociedade.
Veja a seguir alguns fatos importantes de saber sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista) de um modo mais geral.
- O autismo tem um ESPECTRO gigantesco – e foi por isso que, no começo deste artigo, a palavra espectro teve sua definição informada. Mesmo que se tenha uma ideia de comportamentos comuns ao autismo, um autista ainda é extremamente diferente dos outros que você conheceu ou teve contato. O transtorno é o mesmo, mas o restante não!
- Rotina e previsibilidade ajudam na interação – flexibilidade é uma habilidade importante, mas no caso de pessoas com o espectro autista, ter uma rotina de tarefas e poder prever situações ajuda a sentir segurança. Grandes surpresas e mudanças bruscas de planos podem causar uma grande bagunça nos pensamentos deles e ter um impacto em seu comportamento social. É como se fosse necessário ter uma agenda interna para se organizar. Enquanto ela está organizada, tudo fica mais fácil de lidar, para o autista e para as pessoas que convivem com ele.
- A linguagem é processada de modo diferente – alguns autistas, dependendo de seu nível de autismo, precisam de mais tempo para aprender a falar, por exemplo, mas outros têm imensa facilidade. Costuma ser extrema a relação com a linguagem, para mais e para menos. Os autistas entendem muito além do que você imagina. Pode ser que pareçam não estar entendendo, mas a realidade é que estarão muito avançados do pensamento sobre o que acabaram de ouvir e nem sempre conseguem articular o pensamento com o que precisam responder. Por esse motivo, muitos pensam que lhes falta entendimento, quando na realidade lhes sobra e nem sempre querem expressar ou não sabem como fazê-lo.
- Autistas levam tudo “ao pé da letra” – linguagem figurada, piadas de trocadilhos e mentiras são problemáticas para o autista. Tudo o que dizemos é interpretado por eles do jeitinho que foi falado. O “pé da letra” é como se a letra tivesse pé mesmo, ele não associaria, a princípio, a algo literal. Certamente, uma vez que lhes é explicado o significado, conseguem lembrar o que significa, como se fosse um sinônimo e, ao longo da vida, fazem uma coleção destes sinônimos, o que facilita demais suas interações.
- São obsessivos com coisas que lhes interessa – todo autista tem um assunto que lhe interessa muito. Interessa tanto, que se torna até obsessivo encontrar informações sobre o tema até que se esgote e ele domine completamente aquilo. Pode ser um seriado, um animal, um lugar. Não importa. Se lhe chama a atenção, se torna perito em pouco tempo. O tema pode mudar durante sua vida, algumas vezes, mas tudo o que ele gostar muito terá sua atenção incondicional. Esta obsessão pode, inclusive, prejudicar para aprender outras coisas, então é importante que aprenda a regular seu tempo para a pesquisa do tema amado.
- Autistas precisam de auxílio nas relações sociais – este é o grande nó do transtorno e o ponto mais em comum para todo o espectro. Alguns darão a impressão de serem isolados do mundo e outros de pertencerem demais, mas se você prestar muita atenção nos comportamentos, verá que na verdade todos têm dificuldade na interação, tanto os distantes quanto os que excedem, porque não percebem bem as relações humanas. É preciso que alguém lhes informe como se comportar em determinadas situações para aprender melhor como interagir.
- Eles possuem alguns sentidos mais aguçados do que o normal – autistas possuem uma sensibilidade maior em alguns de seus sentidos. O auditivo parece predominar neste caso. Muito barulho costuma causar perturbação na maioria deles, mas pode se manifestar em outros sentidos, como no paladar, quando não conseguem comer determinados alimentos por causa de sua textura ou no olfato, quando sentem cheiros excessivamente a ponto de ser incômodo.
- Eles não são distantes, são diferentes – nem todos nós temos o mesmo senso de distância social. Em alguns países, culturalmente falando, a distância para conversar com uma pessoa deve ser maior, senão é considerada inclusive falta de educação. O mesmo acontece com os autistas. Não é que sejam pouco amorosos ou distantes das pessoas. Ocorre que são apenas diferentes. Eles têm afeição ao seu modo próprio e possuem dificuldade em demonstrar, mas precisam de interação como todos nós, porém ela acontece de um modo peculiar. Ele tem que ter empatia pela pessoa, confiar nela e só então consegue criar laços. Nem sempre demonstra, mas eles certamente existem.
Não é nem tão difícil assim entender um autista, quando se consegue compreender o modo como vê o mundo. Claro que há níveis, então autistas mais severos são mais difíceis de entender, porque se mostram menos do ponto de vista de interação social. O que precisamos é compreender as diferenças para conseguirmos enxergar além dos preconceitos em relação ao que nos é estranho. Se conseguir alongar seu olhar e ser informado sobre o transtorno, perceberá o quanto os autistas podem lhe surpreender!
Mto bom ler sobre o assunto…