Quem disse que pessoas com deficiência não frequentam academia? Ou que só podem se exercitar em centros de fisioterapia? Inspirada por uma palestra que assistiu da Mara Gabrilli, que é tetraplégica há 23 anos e aos 49 esbanja um corpo escultural, a blogueira do Caminho Acessível, Nathalia Blagevitch, 26, resolveu trocar as sessões de fisioterapia que a acompanhavam desde os sete meses de vida por aulas de musculação adaptada acompanhada por um personal trainer. “Com o tempo, o que era uma rotina de tratamento, tornou-se um hobby na minha vida. Hoje, estar em uma academia faz toda a diferença para o meu bem estar e autoestima”, conta.
Nathalia é advogada, professora tutora em cursinho preparatório para o exame de Ordem e foi diagnosticada com paralisia cerebral desde o seu nascimento. Ela ainda é uma das poucas alunas de sua academia que tem uma deficiência.
Seu treino é como de muita gente, salvo algumas adaptações incrementadas por seu professor Omi Neto, profissional da Rede de Academias BodyTech. “O treinamento da Nathalia é voltado para o ganho de força e massa muscular, além de maior amplitude articular. O objetivo maior é que ela ganhe maior independência nas atividades do dia a dia. Em paralelo a tudo isso, realizamos atividades para melhorar a sua condição cardiorrespiratória, como caminhadas com inclinação na esteira e aulas personalizadas de boxe”, explica.
Com o objetivo de estimular a prática de atividade física entre um público que ainda pouco se movimenta nas redes quando o assunto é o universo fitiness, Nathalia juntou-se a Hamilton Almeida, que tem 29 anos e é tetraplégico, e Paulo Oliveira, 26, também cadeirante. Juntos, eles criaram o Defitness Club, com objetivo de estimular, por meio de campanhas nas redes sociais, a prática de exercícios físicos entre pessoas com deficiência.
Administrador e blogueiro, Hamilton criou o Casadaptada, voltado para tecnologia assistiva, design universal e notícias do universo inclusivo. Há três anos, de segunda a sexta, além da fisioterapia, ele procura diversos estímulos ao corpo, testando sempre novos exercícios e tecnologias. Segundo ele, é possível fazer muitos exercícios, inclusive no conforto do lar. “Tem muitos cadeirantes que já treinam. tem uma galera grande no crossfit agora, competindo e tudo. Quero propagar essa ideia, porque, sim, é possível”, garante.
Empreendedor e blogueiro do canal Amigos Cadeirantes, Paulo Oliveira é nordestino, mas atualmente mora em Campinas. Ele se tornou cadeirante em 2008 e, desde sua reabilitação, incorpora atividades físicas em seu dia a dia. “Atualmente tento manter uma rotina de treino muscular por três vezes na semana. Porém, isso aumenta em algumas semanas, tudo depende do corpo! A verdade é que os treinos físicos permitem que eu continue amando a vida. É quase uma terapia”, revela.
A primeira ação do trio, a campanha Defitness (deficiência + fitness), será lançada no dia 21/9 – Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência – e promete bombar no compartilhamento de vídeos e fotos de exercícios praticados por pessoas com deficiência, seja na academia, em algum espaço aberto ou mesmo em casa, marcando a hashtag #Defitness. A iniciativa já conta com o apoio de nomes como Fernando Fernandes, Laís Souza e o time dos atletas de alto rendimento do Instituto Mara Gabrilli.
A deputada Mara Gabrilli, que é tetraplégica e uma das inspirações para a criação da campanha, também é uma grande incentivadora da prática de exercícios. “Quando se depara com uma paralisia tida como irreversível, é muito difícil associar atividades que exigem movimento, força e bom condicionamento físico. E é esse é o maior motivo para eu postar meu dia a dia fitness nas redes sociais. Queremos mostrar que uma pessoa com deficiência pode ir muito além da cadeira de rodas. Ela pode sim ter um corpo malhado e, principalmente, saudável”.
Acesse os canais e acompanhe as postagens da campanha
Instagram da Nathalia Blagevitch