A obrigatoriedade de restaurantes, bares e lanchonetes colocarem à disposição da sua clientela cardápio em braile é um dos temas à espera de deliberação dos senadores que integram a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Braile, ou anagliptografia, é o sistema de escrita inventado pelo francês Louis Braille (1809-1852) para permitir aos cegos ler utilizando o tato.
O projeto (PLC 48/2011) já foi aprovado, em decisão terminativa, pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), mas um recurso apresentado por vários senadores o levou ao exame do Plenário. Requerimento do senador Cyro Miranda (PSDB-GO), aprovado pelo Plenário, determinou a remessa da proposição à CAE.
No recurso para votação em Plenário, os autores do requerimento argumentam que o projeto é inexequível, porque "lanchonetes e similares de pequeno e médio porte ficam sujeitas a penalidades desproporcionais aos benefícios" da medida.
Para quem não respeitar a exigência do cardápio em braile, o texto determina a aplicação de multa de R$ 100, reajustada com base no índice de correção dos tributos federais. Além disso, a cada reincidência será cobrado o dobro da multa anterior.
A autora da proposta é a deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Ela lembra que a Constituição garante a todos o direito à informação e, para que o acesso universal seja possível, “é necessário legislar sobre questões simples e ao mesmo tempo tão fundamentais para a vida diária das pessoas com deficiência”.
Em seu relatório sobre a matéria na CDH, a senadora Ana Rita (PT-ES) defendeu a aprovação da proposta, destacando que o texto atende à Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e complementa o Código de Defesa do Consumidor.
Na CAE, o relator, senador Waldemir Moka (PMDB-MS), apresentou voto pela aprovação da matéria. Segundo ele, a questão deve ser colocada em termos mais amplos do que sob a ótica do impacto nos custos dos estabelecimentos. Está em jogo a construção de uma mentalidade mais inclusiva, "alinhada com os valores civilizatórios das democracias mais avançadas", como observou o parlamentar.
Moka lembrou que a proposta "não representa inovação", porque há leis análogas de âmbito municipal ou estadual, e que o projeto visa dar alcance nacional à matéria. Após o parecer da CAE, o projeto deverá ser votado pelo Plenário do Senado.
Fonte: Senado Federal