Dedicadas a promover a inclusão social, escolas que treinam e doam cães-guias buscam cada vez mais trocar informações, a fim de oferecer excelência em seu trabalho final. Os cães-guias são os olhos de pessoas com deficiência visual, que tem nos cães uma nova perspectiva de autonomia e liberdade para viver.
De um lado, o Instituto Magnus. Localizado em Salto de Pirapora, SP, é uma iniciativa sem fins lucrativos com o objetivo de estimular o convívio social saudável entre humanos e cães por meio de animais de assistência e atividades que buscam transformar vidas em diversas esferas da sociedade. Do outro lado, a Escola de Cães-Guias Helen Keller. Associação de direito privado, sem fins econômicos, com o objetivo de prestar serviços quanto ao treinamento, adaptação e entrega gratuita de cães-guias para pessoas cegas e com baixa visão em Balneário Camboriú, SC.
Buscando colaboração mútua diante das necessidades específicas de cada uma delas, as escolas realizaram uma troca que beneficiará a sociedade como um todo, mas principalmente as pessoas com deficiência visual, a quem essas instituições direcionam suas atividades.
A colaboração foi simbolizada com a chegada de cinco filhotes da raça Labrador de uma ninhada de nove cães. Com início das atividades em julho de 2000, a Helen Keller possui tradição e expertise na atividade e pode contribuir para o crescimento sustentável de instituições que também possuem o mesmo objetivo. Com a chegada desses animais, o Instituto Magnus alia a sua estrutura, força de ação e investimento a um avanço em seu processo de desenvolvimento de melhoria genética de cães predispostos a exercer a função.
“Esta conexão é uma sinergia que tem como grande objetivo a inclusão social”, explica Thiago Pereira, gerente geral do Instituto Magnus.
As duas instituições têm relação com a Federação Internacional de Cães Guias (International Guide Dog Federation – IGDF). A Helen Keller é a primeira da América Latina a obter a certificação, se tornando federada em 2017, e o Instituto Magnus está no processo de certificação, sendo atualmente candidato a membro. Seguir as diretrizes da IGDF significa não apenas ser orientado quanto às boas práticas de treinamento, bem estar e qualidade do serviço prestado à pessoa cega, mas também haver uma troca entre instituições fortalecendo a causa do cão-guia universalmente.
“Isto demonstra a vontade de, acima de tudo, ‘falar a língua universal’ das instituições que dedicam-se a promover o cão-guia pelo mundo, de forma responsável e sadia”, relata Fabiano Pereira, Instrutor e Educador de Mobilidade com cão-guia, da Escola de Cães-Guias Helen Keller.
Atualmente, no Brasil, existem cerca de 6,5 milhões de pessoas com cegueira ou baixa visão e menos de 200 cães-guias em atividade. O déficit de acesso a essa tecnologia assistiva é influenciado por vários fatores, desde o alto investimento para o treinamento desses cães até a falta de conhecimento e engajamento da comunidade em colaborar com o programa socializando um filhote. A colaboração entre os institutos é mais uma iniciativa para a propagação da causa e a ampliação da cultura do cão-guia em nosso país.