Oi.
Uma das coisas mais interessantes sobre ser uma pessoa com deficiência é a importância que coisas aparentemente pequenas para os outros acabam tendo. Ainda lembro da felicidade que senti no dia em que tive coragem para andar até meus lugares favoritos no bairro. Havia uma sensação de liberdade e felicidade por ter conseguido atravessar pouco menos de um quilômetro sem apoio.
Há algum tempo, comecei a testar uma bicicleta elétrica como um meio de transporte que facilitasse a minha rotina e me oferecesse maior independência em São Paulo. Ao realizar o primeiro teste, mesmo sabendo que precisaria de algumas adaptações na bicicleta para andar com segurança, senti a mesma sensação de liberdade que tive aos 15 anos, quando comecei a andar pelo bairro. Finalmente, percebi que sim, conseguiria andar de bicicleta.
Muitas vezes, percebo que parte dos medos e dúvidas que tenho em relação à minha deficiência são confusões que eu mesmo criei ao longo dos anos. Há também a combinação com algumas preocupações de pessoas que não estão próximas a PCDs têm, ao não perceber que nós temos capacidade de viver uma vida independente. Por muito tempo, realmente acreditei que nunca conseguiria andar de bicicleta, uma ideia que se formou aos meus seis anos, quando a minha primeira – e única – experiência em uma bicicleta não deu muito certo.
Claro, houveram preocupações, e sim, eu acabei caindo da bicicleta no segundo teste. Mas se todos nós desistíssemos das novidades logo no primeiro ou segundo teste, não haveria progresso. Em qualquer área da vida, e não só para nós PCDs.
A ideia é faça o que você não pode, ou tente, pelo menos. Talvez, não consiga na primeira ou segunda vez, mas quem sabe na terceira, haja uma revelação. Não tem a ver com estupidez ou imprudência, mas com coragem e independência.
Tchau.