FOMO

A introversão é um fenômeno, acredito eu, complexo. Ao mesmo tempo que desejamos estar ali, com nossos amigos e amigas, parte de um grupo, a atividade social é extremamente cansativa para nós.

Compartilhe:

Oi.

Para quem não sabe, o termo em inglês FOMO significa “fear of missing out” ou ‘medo de ficar de fora’, em tradução livre; representa aquela sensação que todos temos ao não participarmos de algum evento ou acontecimento, estaremos perdendo algo de grande importância, e por isso, seremos de alguma forma excluídos do grupo.

Na maior parte das vezes, esse medo não tem real razão para existir. Nossos amigos e colegas muito provavelmente não nos teriam ódio, pois perdemos um momento, a não ser que esse momento seja realmente singular na vida dessa pessoa – aí, a represália é totalmente compreensível. Nos casos do dia a dia, isso raramente acontece. As pessoas em seu entorno podem ser extremamente compreensivas, ainda mais se forem próximas a você.

Ainda sim, o medo persiste. Sei por experiência própria: toda vez que cancelo alguma coisa, seja porque tenho algo para fazer naquela hora, porque não me sinto bem ou sinto que não devo ir, ou simplesmente porque está muito frio lá fora e eu realmente não quero abandonar minha Netflix (temos um caso sério, eu e ela, veja bem), não consigo afastar a sensação de que perderei algum evento incrível sobre o qual todos comentarão nos dias seguintes e eu ficarei lá, no canto, com cara de bobo, apenas ouvindo.

A introversão é um fenômeno, acredito eu, complexo. Ao mesmo tempo que desejamos estar ali, com nossos amigos e amigas, parte de um grupo, a atividade social é extremamente cansativa para nós. Estar em meio a tantos estímulos por longos períodos de tempo tem um efeito profundo. Vê-se muito o termo ‘bateria social’ para explicar esse fenômeno: a pessoa introvertida precisa de tempo sozinha para respirar, se reorganizar e recomeçar suas interações, e damos muito mais valor a interações com apenas algumas pessoas, pessoas com as quais começamos a desenvolver mais conforto e abertura.

Antes de continuar, só quero deixar claro que não estou dizendo que pessoas introvertidas são como pokémons raros que devem ser preservados, pandas rosas que merecem todo o cuidado do mundo. Veja isso como uma confissão, um desabafo real de quem se preocupa com as pessoas à sua volta.

Não nos afastamos porque somos sociopatas, mas apenas porque, de vez em quando, precisamos de uma pausa.

Tchau.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *