Nos últimos anos, temos visto bons exemplos de filmes e séries que retratam pessoas com deficiência de forma inclusiva, gerando representatividade e ajudando a quebrar preconceitos e estereótipos, como Breaking Bad e Glee. Um dos mais recentes é a série Atypical, da Netflix. Ela conta a história de Sam, um adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que está no ensino médio e passa por todos os dilemas típicos da idade.
Na série, o protagonista é um adolescente complexo, com ansiedades e dúvidas que todos enfrentamos nessa fase, enquanto o autismo é uma das camadas de sua personalidade, que vai além do transtorno. Ao retratar as relações familiares e o ambiente escolar, Atypical consegue abordar como a questão afeta também amigos e familiares de diversas formas. Além de desestigmatizar o autismo, a produção traz uma série de informações sobre a condição, ajudando a colocar luz sobre o tema de forma delicada, sensível e divertida.
Conquistar esse tipo de espaço na mídia traz uma grande contribuição no sentido de trazer informação e promover a inclusão de pessoas com deficiência intelectual ou física. E pode ajudar a trazer visibilidade para o trabalho de organizações como a Specialisterne, que trabalha com capacitação e inclusão de profissionais com Transtorno do Espectro Autista no mercado de trabalho. São Paulo é a primeira cidade da América Latina a ter uma filial da instituição, presente em 15 países. São empresas socialmente inovadoras que aproveitam as qualidades das pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo como uma vantagem competitiva para ajudá-los a se colocar no mercado de trabalho.
Vale lembrar que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) não está relacionado, necessariamente, à deficiência intelectual. Segundo a literatura científica, uma pessoa com TEA também pode apresentar deficiência intelectual, assim como outras condições singulares, como dislexia, apraxia, surdez ou outras. Entretanto, também há pessoas com TEA que possuem inteligência de acordo com a média da população e, inclusive, acima da média.
Claro que não basta apenas inserir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho sem que esse ambiente esteja aberto e preparado para recebê-las. É aí que a mídia, seja na indústria do entretenimento ou da publicidade, pode ter um papel muito positivo em criar uma cultura mais inclusiva. Incluir é entrar em relação. E Atypical cumpre o papel em trazer a tona o que está apartado e mostrar que é possível possuir uma deficiência visível ou não e estar em relação. A representatividade importa ao trazer visibilidade e gerar referências para que as pessoas passem a enxergar as pessoas com deficiência como eles merecem: como pessoas completas, com potenciais e talentos, qualidades e defeitos.