A Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba) terá que reservar de 10 a 20% das vagas para alunos com deficiência. A decisão veio depois que o pai de um aluno entrou na Justiça para tentar garantir a vaga para o filho.
O cabelereiro Eirinaldo dos Reis Ribeiro luta para conseguir uma vaga para o filho, de nove anos, na Eseba desde outubro do ano passado. "Nunca consegui ser sorteado, pois a concorrência para as crianças especiais é a mesma que a das crianças normais", contou.
O filho do cabelereiro, Luiz Eduardo, tem síndrome de down. O pai entrou com ação na Justiça por se sentir prejudicado, mas a liminar foi negada em fevereiro deste ano, pelo Juiz Bruno Vasconcelos, da primeira vara de Uberlândia. "Por querer uma escola de qualidade para o meu filho e para as outras crianças especiais, a briga contra a Eseba e a Universidade continua".
O cabeleireiro conta que conseguiu matricular o menino em uma escola estadual, mas o sonho era vê-lo estudando na Eseba. No dia 30 de setembro o Juiz Federal Bruno Vasconcelos, que havia negado a liminar no início deste ano, voltou atrás da decisão e publicou nova sentença, obrigando a Eseba a reservar nos processos seletivos de 10% a 20% das vagas para candidatos com deficiências.
Para Eirinaldo, a decisão da Justiça é uma vitória, não só para o Luiz Eduardo, mas para todas as crianças com deficiências. "A gente atingiu o objetivo", afirmou.
Segundo o procurador da República, Cléber Eustáquio Neves, a universidade vai ter que se adequar e publicar como vai ser essa reserva de vagas e como os pais vão ter que proceder para fazer a inscrição na Eseba.
A diretora da escola, Elizabet Rezende de Faria, falou que ainda não foi notificada pela Justiça, mas garantiu que está estudando, junto à Procuradoria Seccional Federal de Uberlândia, a melhor maneira de viabilizar o cumprimento da sentença. "Nosso edital já estava praticamente na fase final aguardando o sorteio público que seria no dia 23 de outubro. O que nós estamos buscando é cumprir essa sentença para fazer a inclusão do sorteio de candidatos com deficiência", explicou.
Ainda de acordo com Elisabet, mais de três mil candidatos se inscreveram para o sorteio. Atualmente, dos alunos que estudam na escola, oito têm deficiências e entraram pelo sorteio normal. Ela alega que não tem estrutura necessária para atender mais estudantes com problemas semelhantes. "Quem faz a lei e quem determina precisaria conhecer como é a rotina de um aluno deficiente dentro de uma escola para ver que ele demanda muitas outras necessidades", informou.
Fonte: G1 Triângulo Mineiro