Por falta de profissionais especializados em medicina do tráfego, pessoas com deficiência física não conseguem tirar carteira de habilitação no Espírito Santo. Vários deles já passaram por todo o processo, mas não podem marcar a prova prática. Agora, uma decisão judicial autorizou a contratação de um médico sem essa especialização para garantir a emissão das CNH.
O cobrador Luiz Aguiar sabe, mas ainda não pode dirigir um carro. Só se for acompanhado pelo instrutor da autoescola. Há mais de um ano, ele tenta tirar a carteira de motorista.
“Eu contava que em outubro do ano passado eu já estaria com minha permissão. Era meu presente de Natal e Ano Novo do ano passado”, lamentou o cobrador.
Só em uma autoescola em Vitória, são 25 alunos prontos para tirar a carteira, mas que não conseguem marcar a data para fazer a prova.
“Todos os dias eu ligo para o Detran e a informação que a gente tem é sempre a mesma. Tem que aguardar, não tem previsão", falou o dono da autoescola, Osmar Pereira Ramalho.
A aposentada Moema Broedel também já espera desde o ano passado. Já fez a prova teórica, exames médicos e 20 aulas práticas. Gastou mais de R$ 1700 e ainda não tirou a carteira.
“Estou me sentindo frustrada. Me sinto até constrangida de estar lutando por uma coisa que tenho direito", disse.
Toda essa demora para tirar a carteira é porque as pessoas com deficiência, quando vão fazer a prova prática, precisam também ser avaliadas por um médico, que tem uma especialização em trânsito. Mas o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) tem dificuldade para contratar esse profissional.
No Espírito Santo, o Detran já lançou seis editais, mas desde 2013 não consegue contratar um médico que fique no emprego.
O diretor do Detran entrou na justiça. Ele alega que o estado não tem curso de especialização em medicina do tráfego.
A Justiça Federal concedeu uma liminar autorizando, para os próximos seis meses, a contratação de médico, mesmo sem essa especialidade, que é exigida pelo Contran.
"Isso restringe muito, uma vez, que nem todo estado da federação possui essa especialidade de medicina do tráfego, então hoje, com isso, há possibilidade de o Detran contratar outros médicos e prestar o serviço, garantindo a essas pessoas o direito à cidadania", falou o diretor do Detran, Fabiano Contarato.
Fonte: G1