Meu nome é Aline, tenho perda auditiva severa à esquerda e profunda à direita de nascença, sendo a causa desconhecida. Sou oralizada e atualmente estou aprendendo LIBRAS para me comunicar com outros surdos que não fazem o uso do Aparelho Auditivo ou Implante Coclear. Tudo começou quando meus pais perceberam, por volta dos meus 2 anos, que eu não ouvia nada e resolveram fazer uma consulta com um otorrinolaringologista. O doutor me encaminhou para uma cirurgia, que não adiantou e disse aos meus pais para me colocarem em uma escola de surdos, pois eu não iria falar. Eles não aceitaram a "sugestão" e procurararam outro especialista. Conheceram uma Fonoaudióloga que realizou audiometria e me encaminhou para São Paulo. Ao chegar lá, encontraramos outra Fonoaudióloga, que diagnosticou que eu não havia perdido totalmente a audição, mas que eu escutava somente sons mais altos. Comecei a usar aparelho auditivo e a médica pediu para que meus pais saíssem comigo pelo centro de SP para que eu pudesse escutar os sons que antes eu não escutava. Me lembro dos primeiros sons que ouvi: o barulho do avião, da chuva, dos passarinhos, do metrô, dos ônibus, carros… Retornei a Brusque, SC, para começar a terapia fonoaudiólogica. Por volta dos 5 anos, comecei, além da fono, a terapia com uma educadora especial, que reforçava o que eu aprendia na escola. Assim fiquei até os 12 anos de idade, e continuei apenas na terapia fonoaudiólogica até os 14. Terminei o colegial com 17 anos, como qualquer ouvinte, e prestei vestibular para Fonoaudiologia na PUC-SP. Passei, mas meus pais não queriam que eu fosse para SP na época, preferindo que eu fizesse outra faculdade em minha cidade. Consegui entrar na Fonoaudiologia em 2010 pela UNIVALI. Atualmente estou no 8º período de Fono, trabalho como estagiária do SAPS (Setor de Atendimento à Pessoa Surda) com crianças que usam o aparelho ou IC. Nunca deixei de usar os aparelhos que tive. Eu amo usá-los! Não consigo ficar sem eles, pois assim escuto, identifico os sons e consigo compreender e escutar sem fazer leitura labial. Foram muitas lutas e conquistas que tive durante essa jornada, e por esse motivo não desisto fácil do que quero. Sou feliz, realizada, independente, batalhadora e tenho o sonho de proporcionar qualidade de vida para crianças surdas. Quero trabalhar com habilitação e reabilitação auditiva em crianças. Acredito que todo mundo tem algo especial para oferecer dentro de si, e o meu lado especial é esse. Quero deixar uma singela mensagem: “Todos nós possuímos algum tipo de deficiência, mas isso não impede que sejamos capazes de vencer. Você que conhece alguém que possui alguma deficiência, seja humilde, e ajude o próximo. Ajudar não custa nada, torna-te mais humano. Mostre que você é diferente e que pode ajudar essas pessoas a se tornarem cidadãos mais atuantes, vencendo barreiras e sendo mais felizes!” Grande abraço, Aline de Souza e Silva.