Andréa Vieira Santana

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Meu nome é Andréa, tenho 31 anos, moro em Uberlândia (MG). Na minha infância, tive uma deformação na córnea, chamada ceratocone e ela veio desenvolver-se na adolescência, fazendo com que eu enxergasse cada vez menos. Passei a usar óculos e tempos depois lente de contato, porém o problema crescia.

Após a cirurgia, descobri que tive toxoplasmose; precisei de 2 transplantes, um em cada olho, porém, tive rejeição e após 3 meses de transplantada, precisei tomar injeções nos olhos. Isso não me garantiu uma visão boa, consigo ver cores, mas não vejo bem o formato. Sinto dificuldades de andar a noite e não consigo ver placas, só vultos. Mas não foi isso que me deixou desanimada, pois fui conhecer os esportes, onde encontrei algo que me deixou bem feliz.

No início, tive certo receio, pois me apresentaram um peso de 4kg, que me assustou, e um disco. Faltei em algumas aulas, pois achava que meu lugar era na piscina, já que eu havia nadado quando criança. Mas, já nas primeiras competições consegui um terceiro lugar; logo após, fui crescendo e, em um ano, consegui quebrar recordes no arremesso de peso. Hoje, sou a atual recordista em arremesso de peso Paraolímpica Brasileira – quebrei o recorde no final de 2010.

Foi algo muito bom, pois não esperava crescer tanto assim em pouco tempo. Estou feliz, apesar das dificuldades, pois ainda não tenho bolsa-atleta. Mesmo assim, não deixo de treinar e de me esforçar mesmo debaixo de sol e chuvas. Tenho uma uma vida bem agitada, pois além disso, estou me formando esse ano para Serviço Social, onde ganhei um bom desconto da faculdade onde frequento com associação dos deficientes visuais daqui.

Hoje, faço um estágio pela manhã, treino a tarde no SESI e faço faculdade a noite. Quero chegar às Paraolimpíadas, se Deus quiser. Hoje, enxergo 10% em cada olho e continuo em tratamento, pois uma pessoa transplantada nunca pode deixar de ser tratada. Tenho minhas limitaçoes, mas quero chegar ao topo ainda. Tenho dificuldades para encontrar patrocínios. Temos bom treinador cedido pela prefeitura, porém um atleta precisa mais para ser melhor ainda como, uma alimentação adequada, condições de pagar um médico em caso de lesão, e outros fatos.

Adorei a oportunidade de poder contar minha história para vocês e mostrar que em Uberlândia existem mais três recordistas brasileiros.

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