Em áudio publicado pela Central de Mídia, pessoas com deficiência visual falam sobre a importância do cão-guia. A matéria também destaca as instituições federais que oferecem cursos e capacitação especializada na formação de treinadores e instrutores, em Santa Catarina.
“O cão-guia acaba sendo a nossa visão, é o nosso referencial. Sendo ele a minha visão, ele vai me oportunizar mais independência, mais autonomia e vai me dar muito mais segurança, inclusive.”
Esta é a professora Olga Solange Herval Souza de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ela nasceu sem visão, mas foi só depois de adulta que conheceu a experiência de ter um cão-guia.
“É um cão, mas acima de tudo é um ente querido. É uma fonte de socialização. Na verdade, entre o cão e a bengala, ele é realmente um elo entre a pessoa cega com o restante da sociedade. Porque ele fala com os olhos, ele fala com o corpo, eles são ternos, eles são carinhosos.”
Hoje é o Darwin, um Golden Retriever, que lhe auxilia nas atividades cotidianas. Ele foi treinado no Instituto Federal Catarinense (IFC), campus Camboriú – a primeira instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a implantar um Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia ainda em 2012. À época, financiado pelo Ministério da Educação (MEC), o Instituto criou a primeira turma de pós-graduação, em nível de especialização, no país. Olga acompanhou todo o processo.
Antes da chegada de Darwin, ela já havia convivido por doze anos com Misty, treinada por uma instituição nova-iorquina. Com o falecimento da labradora, descobriu o trabalho que tinha início aqui no Brasil, na rede federal. Em contato com o IFC, Olga pôde contar com um instrutor que lhe acompanhou durante toda a rotina de trabalho e lazer nesse período.
“Ainda não existia essa questão do curso nos institutos. O tempo foi passando e foi muito rápido, ela foi vítima de um câncer intestinal feroz. Em uma semana levou a Misty. Eis que, dentro de um mês, aparece o pessoal do instituto aqui fazendo uma visita domiciliar, né, pra me oferecer um novo cão. Foi bem interessante porque eu tive que me adaptar em todos os sentidos. Mas, o instrutor foi extremamente compreensivo, foi extremamente tolerante, de forma que eu tive o tempo hábil e a oportunidade necessária para dar conta de todas essas adaptações.”
O Instituto Federal Catarinense está com a segunda turma da Pós-Graduação do Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia em andamento. O curso é de 24 meses. Ano passado, o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus de Alegre, foi o segundo do país a estabelecer uma unidade. Outros cinco centros estão em processo de implantação, cobrindo todas as regiões brasileiras.
Em Santa Catarina, como explica a reitora do IFC, Sônia Regina de Souza Fernandes, o projeto vem sendo ampliado, e a ideia é aumentar a oferta de profissionais para atuarem no treinamento de cães-guia.
“Nesse primeiro momento são turmas para formação do próprio quadro dos institutos federais, tanto do Instituto Federal Catarinense, quanto dos demais institutos que fazem parte desse programa em âmbito nacional. São sete ao todo.”
A expectativa agora, ainda segundo a professora, é para a formação de um curso de tecnólogo. Até o momento, 16 cães treinados estão atuando, além de outros 71 que estão em socialização e ainda passarão pelo processo de adestramento ofertado pelo IFC e pelo Ifes.
Para saber mais sobre o curso do Instituto Federal Catarinense, acesse http://ifc.edu.br/