Matheus estava com 12 anos e cursava o 5º ano de uma escola municipal em Macaé (RJ). Porém, mesmo após cursar boa parte do ensino fundamental, ele ainda não sabia ler ou escrever. Com baixa visão acentuada e déficit cognitivo, o garoto nunca teve atendimento adequado e acabou sendo aprovado ano após ano, sem aprender as habilidades necessárias para as próximas fases escolares.
“O caso dele é comum. A escola não sabe lidar com esse estudante que é diferente e o vai jogando para a frente, sem problematizar as razões de ele não ter aprendido”, comenta Garrolici Alvarenga, coordenadora de educação especial da rede municipal de Macaé e mestranda da Uerj. O ponto de virada aconteceu em 2013, quando os professores deveriam decidir se Matheus seguiria para o 6º ano do ensino fundamental e iria, assim, para uma nova escola. Em uma reunião com a equipe pedagógica e a coordenação da educação especial, o aluno foi retido. “Batemos o pé, não o deixamos passar e ter dez disciplinas. Tivemos também o aval da mãe. E foi assim que conseguimos algum avanço. A educação especial não preconiza que não haja repetência, desde que haja razão para isso e um plano individualizado para o aluno”.
Em 2014, Matheus então foi para uma nova escola em que um professor cego, Raul Ferraz, trabalhava na sala de recursos. Ferraz trabalhou com avaliação interativa e fez plano com tecnologia assistida (com ajuda do computador) para alfabetizá-lo. O professor de apoio e a avaliação interativa ajudaram Matheus a alcançar um grau crescente de autonomia em situação de solução de problemas. Assim, o menino adquiriu consciência da leitura e escrita e pôde desenvolver suas habilidades na escola.
Fonte: Revista Educação