Mulher com deficiência física é exemplo de força e superação

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Quem vê Berenice Soares de Freitas, de 57 anos, deitada em uma rede, confeccionando um tapete, não imagina a força que esta cearense de Iracema (CE) tem. Moradora do bairro Duque de Caxias, localizado às margens do Rio Machado, em Ji-Paraná (RO), ela perdeu a perna esquerda aos 7 anos, vítima de uma infecção. Berenice chegou a Rondônia aos 21 anos, com os pais e seus 20 irmãos, fugindo da vida difícil que levavam no Nordeste.

“Meu primeiro emprego foi abrir e fechar um portão. Como eu morava na linha, meu pai construiu um portão na estrada em frente ao nosso sítio e eu recolhia o pagamento das pessoas que queriam atravessar a estrada. Digo que inventei o pedágio”, diz ela, aos risos. Segundo Berenice, por muitas vezes o tal portão garantiu refeições na mesa da família. “Eu ganhava queijo, farinha, banha de porco, e ia satisfeita para casa levar comida pros meus irmãos”, contou.

Já adulta, Berenice não parou de ajudar. “Filhos biológicos eu tive dois, adotei mais três e cuidei de mais de 20 pessoas que me pediram teto e comida. Já achei gente perdida na mata, com as pernas bem machucadas e cuidei por três anos. Eu tenho isso de zelar das pessoas em mim”, disse, contando que também recolhe roupas e outros donativos para doar à famílias carentes. Atualmente, ela mora com sua filha adotiva, Ruth, de 10 anos.

Ela foi casada por 13 anos e é categórica ao afirmar que não pensa em se casar novamente. “Deus me livre! Homem aporrinha muito, eu sou muito mais feliz sozinha”. A aposentada conta ainda que muitas pessoas tentaram deixá-la mal consigo, mas não conseguiram. “Por muito tempo eu tive vergonha de mim, de não ter uma perna, eu não era feliz como sou hoje. Mudei no dia em que enxerguei que eu trabalho, sou dona de mim, jamais mereço ser humilhada por ter perdido uma perna. Eu sei do meu valor”, afirma.

Berenice já morou em Porto Velho, Mirante da Serra, Ariquemes e Ji-Paraná. Já foi babá, empregada doméstica, zeladora e hoje em dia vive de sua aposentadoria e da confecção de tarrafas. “Eu acordo, ajeito minha casa e meu quintal e depois faço crochê ou então tranço as redes. Eu faço tudo sozinha, tenho boa saúde e resolvo meus problemas, me sustento como dá”, diz Berenice, que é vista pela família como uma heroína.

“Se eu acho que consigo subir numa árvore, eu subo. Minha deficiência, minha idade, nada disso me atrapalha. O poder das pessoas está na mente, eu acredito que posso tudo e posso mesmo. Se resolvo fazer uma coisa hoje, amanhã estou dando um jeito de fazer”, descreve, decidida.

Quando questionada sobre a mensagem que gostaria de passar às mulheres neste dia 8 de março, Berenice é positiva. “Somos todas melhores do que pensamos. Minha família é de mulheres fortes, somos muito guerreiras, eu, minha mãe, minhas irmãs. Aconselho a todas as mulheres que sejam como eu”, concluiu.

Fonte: G1

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