Chegou ao fim neste sábado, 26, em São Paulo, o Open Brasil Caixa Loterias de Atletismo e Natação. A competição foi promovida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), contou com o patrocínio da Caixa Loterias e a participação das seleções brasileiras adulto e de jovens em ambas as modalidades foi financiada por um convênio entre o CPB e o Ministério do Esporte. O Open foi uma importante etapa internacional para os competidores do atletismo (fez parte do calendário do Grand Prix de Atletismo do Comitê Paralímpico Internacional), assim como foi para os nadadores, já que contou com a participação das principais potenciais internacionais do esporte. Foram distribuídos cerca de R$ 220 mil em premiação aos melhores.
Com mais de 400 atletas do Brasil e de outros 15 países, o evento agradou ao presidente do CPB, Andrew Parsons. Para ele, a competição foi um sucesso e serviu para fortalecer o esporte. “Os resultados foram excelentes, tanto dos atletas, quanto da parte da organização. É uma competição que está se firmando no calendário internacional e a nossa ideia é dar mais força a cada ano”, avaliou Parsons. O presidente ainda lembrou de bons resultados dentro das provas. “O resultado do Petrúcio dos Santos [ouro nos 200m da classe T47, com 21s99] foi fenomenal. Um tempo que levaria a medalha de ouro em Londres-2012 deixou todo mundo muito feliz”, completou.
O resultado do jovem paraibano de 17 anos não foi lembrado apenas pelo mandatário do CPB. O técnico-chefe do atletismo, Ciro Winckler, também fez questão de ressaltar a importância desta medalha. “Não podemos dizer que foi uma surpresa porque acompanhávamos o crescimento dele [Petrúcio]. Mas mostra que tem potencial para fortalecer essa classe com amputados, que é um ambiente muito competitivo dentro e fora do Brasil”, avaliou Winckler. Petrúcio perdeu parte do braço esquerdo aos dois anos de idade, em um acidente com uma máquina de moer capim.
No atletismo, grandes nomes da modalidade estiveram presentes em São Paulo, o que deixou a competição bem interessante. Houve até quebra de recorde mundial no salto em altura, classe T12 masculino, com o cubano Luis Felipe Rivero, que saltou 2,06m para estabelecer a nova melhor marca do mundo. O atleta, aliás, foi premiado por alcançar o melhor indíce técnico da competição na modalidade. Como prêmio, ganhou três mil euros (mais de R$ 9 mil) em dinheiro. A mesma quantia foi entregue para a brasileira Roseane dos Santos, a Rosinha, da classe F57, que terminou a competição com uma medaha de ouro e duas pratas nas provas de campo.
O Brasil foi o líder no quadro de medalhas no atletismo. A delegação fechou a competição com 60 medalhas, sendo 28 de ouro, 20 de prata e 12 de bronze. Foi seguida pelos sul-africanos, com 19 medalhas (10 ouros, cinco pratas e quatro bronzes); e pelos argentinos, com 21 medalhas (nove ouros, nove pratas e três bronzes).
Na natação, a participação dos brasileiros também foi um sucesso. O técnico-chefe da seleção, Leonardo Tomasello, sabe que encerrou a participação no Open com a sensação de dever cumprido. “O objetivo da comissão técnica era avaliar os tempos dos atletas das seleções. Mais de 90% deles baixaram as marcas neste ano. Fico feliz e estou otimista que vamos melhorar ainda mais nesta temporada”, disse.
A disputa da classe S10 masculino entre Andre Brasil e Phelipe Andrews foi ressaltada por Tomasello. “É muito importante o Brasil ter mais de um atleta de ponta em cada classe. Essa rivalidade dentro da piscina é um estímulo natural para eles e quem ganha com isso somos nós”, comemorou. Em duas provas em que disputaram um contra o outro – os 50m e os 100m livre – Phelipe foi mais rápido que o multimedalhista Andre. Até então, Andre era soberano nessas disputas.
Entre os destaques no Open está o novo recordista brasileiro nos 100m costas, classe S9, Lucas Mozela. Na sexta-feira, 25, o atleta derrubou a marca de Mauro Brasil, que durava mais de quatro anos. “Eu queria nadar abaixo de 1min10s faz algum tempo. Estou treinando muito e sabia que isso poderia acontecer”, disse o nadador paulista, com má formação congênita no braço direito, que fez 1min09s11 e que também venceu os 200m medley.
A delegação estrangeira que mais chamou atenção foi a da Austrália. Para participar do Open Caixa Loterias, foi preciso fazer uma seletiva nacional, e, com 12 atletas na equipe. “Tivemos uma participação regular e isso é o mais importante. Trouxemos os nossos atletas, sendo quatro deles de ponta, para começar a nossa preparação para os Jogos Paralímpicos do Rio-2016. Estaremos de novo no Brasil em 2015 e acredito que traremos uma delegação ainda maior”, completou o coordenador do time, Adam Pine.
Na classificação geral da natação, o Brasil ficou em primeiro lugar, com o total de 126 medalhas, sendo 48 ouros, 48 pratas e 30 bronzes. Na sequência, vieram os australianos com 42 ouros, 12 pratas e três bronzes. A Rússia terminou em terceiro ao conquistar 24 medalhas, sendo 11 ouros, sete pratas e seis bronzes.
Já na premiação individual, feita pelo índice técnico, o brasileiro Daniel Dias ficou em primeiro lugar e o compatriota Adriano de Lima em terceiro. Em segundo terminou o sul-africano Kevin Paul. Entre as mulheres, as estrangeiras foram melhores. A russa Anastasia Diodorova liderou e foi seguida pelas australianas Madduson Elliot e Jacqueline Freney. As premiações para primeiro, segundo, e terceiro lugares foram de 3 mil euros , 2.500 e 1500 euros, respectivamente.
Os próximos compromissos das seleções nacionais das duas modalidades já estão agendados. Enquanto os nadadores se preparam para encarar o Parapan-Pacífico, em agosto, na Califórnia (EUA), os selecionados do atletismo passam pelos treinos para o Grand Prix do IPC, em Berlim (ALE), em junho.
Fonte: CPB