A mesa tenista que já participou das Paralimpíadas de Londres, em 2012, treina para ser destaque nas competições que serão realizadas no Brasil, em 2016. Confira sua história.
Surgido na Inglaterra, o tênis de mesa é um dos esportes mais praticados ao redor do mundo. Também chamado informalmente deping-pong, no Brasil, diversos atletas já o representaram bem, como o Hugo Hoyama. Agora, nosso país também deve ser bem representado nessa modalidade nas próximas paralimpíadas, que serão realizadas no Rio de Janeiro, em 2016, pela atleta Bruna Costa Alexandre. Mais que isso, essa garota de 19 anos quer competir também nas Olimpíadas, assim como fez a atleta que a inspira, Natalia Partyka, polonesa que fez este feito nas competições realizadas em Londres, em 2012.
A relação de Bruna com o tênis de mesa surgiu quando ela tinha sete anos, por influência de seu irmão, Bruno Costa Alexandre, que praticava esse mesmo esporte, em Criciúma, em Santa Catarina, onde nasceram. “Ao lado da casa onde morávamos, havia um Centro Comunitário. Um dia, entrei lá e fui chamar meu irmão para fazer algo. Então, encontrei o técnico Alexandre Ghizi, que me convidou para treinar na escolinha. Gostei muito, mas, no começo, confesso que foi difícil sacar apenas com uma mão”, brinca Bruna.
A nossa atleta teve seu braço direito amputado quando tinha apenas três meses de idade devido a uma trombose (coágulo de vaso sanguíneo), como consequência de uma vacina que tomou nessa época. Para Bruna, essa deficiência não a impediu de nada. “Sempre tive uma vida normal e bem divertida. Sempre fiz de tudo. Sempre me senti e me sinto uma pessoa comum. Tive o apoio da minha família, que deixava eu me virar sozinha”, lembra. Durante sua infância, por gostar bastante de esportes, suas brincadeiras preferidas eram o futsal (futebol de salão), skate, andar de bicicleta em trilhas, além do tênis de mesa.
E por praticar tanto diversos esportes, a falta de foco quase fez com que ela desistisse dos treinamentos. “Teve um momento em que eu estava em muitas modalidades esportivas e não sabia qual continuar. Foi quando comecei a me focar no tênis de mesa paradesportivo que a minha carreira começou a deslanchar. Escolhi este esporte porque o considero muito inteligente, exige muita concentração, agilidade e excelente reflexo. Até 2009, sempre competi em torneios para mesatenistas sem deficiência”, explica.
Atualmente, Bruna mora e treina em São Caetano do Sul, em São Paulo, faz parte do Time São Paulo e é uma das contempladas pelo programa Bolsa Atleta Pódio, do Ministério do Esporte, além de receber apoio da Caixa, da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM). “Hoje, moro sozinha, e, sempre que preciso de algum apoio, a minha família, amigos, esportistas, clube e a própria CBTM me ajudam. Antes, tinha dificuldade para amarrar meu cabelo, mas cortei recentemente e não preciso mais”, brinca.
Em 2012, Bruna viveu um dos momentos mais importantes da sua carreira: a participação nas Paralimpíadas de Londres, em 2012. “Eu era muito nova, tinha apenas 17 anos. Foi um momento único. Tive muitas chances de passar das quartas-de-final. Não fui mais longe porque a minha cabeça foi fraca e tomei a virada. A experiência foi enorme. Até hoje, me lembro todos os dias”, conta.
Para ela, esse evento esportivo também a marcou muito porque teve a oportunidade de jogar contra e conhecer sua grande ídola, a polonesa Natalia Partyka, atual tricampeã paralímpica na classe 10, a mesma de Bruna. Bruninha, seu apelido, que, inclusive está tatuado em seu antebraço, a idolatra porque a esportista compete tanto nas Olimpíadas como nas Paralimpíadas. E é esse seu sonho.
“No esporte, meu maior sonho, hoje, é conseguir uma medalha individual no Mundial Paralímpico, em setembro, na China, e conquistar vaga nas Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio-2016 e, claro, uma medalha no individual paralímpico. Na vida, quero ter dois apartamentos e continuar sempre com essa felicidade. E, se Deus quiser, dar muita alegria para a minha família e para o mundo”, idealiza.