Uma das alas da escola de samba Vila Mathias, formada por integrantes com deficiência física, auditiva, visual, intelectual e voluntários, traz um desfile inclusivo para o carnaval santista.
A equipe de jornalismo do G1 conversou com alguns dos carnavalescos que fazem parte do projeto para entender a importância e a mudança que a oportunidade trouxe a cada um deles.
Segundo Élida Julião, educadora física e voluntária do projeto ‘Empresto Minhas Pernas’ – projeto idealizado por Stefan Klaus Lins e Silva – a ala de inclusão começou a fazer parte do desfile da Vila Mathias em 2018, por meio de uma parceria entre a escola e o projeto. O objetivo é garantir atividades de cultura e lazer para pessoas com deficiência e seus familiares.
A cadeirante Thaynara Pereira de Oliveira, de 23 anos, mora em São Vicente, no litoral paulista, e já está contando as horas para vestir seu traje carnavalesco. Ela, que participa do desfile na Passarela Dráusio da Cruz desde 2017, afirma que o carnaval é uma das alegrias de sua vida. “Adoro o carnaval. Esse é o meu terceiro ano participando e fico muito feliz em ter a oportunidade. A primeira vez foi muito legal. Eu fiquei muito emocionada. Agora participo todos os anos e quero continuar”, diz.
Thaynara relata ter uma grande amor pela época carnavalesca e conscientiza sobre a importância da inclusão social também nessa época do ano. “Eu acho que é importante ter essa inclusão porque nos dá a oportunidade de ter uma experiência diferente. Nos sentimos parte daquilo e é muito essencial isso. Minha família toda passou a participar depois que eu comecei. A magia do carnaval representa a união e proporciona muita felicidade.”
Para a jovem, a expectativa é grande no desfile deste ano. “Participar do carnaval mudou tudo na minha vida porque passei a me sentir parte do projeto, incluída com o pessoal. Eles fazem questão da nossa participação e isso alegra não só a mim, mas também aos outros cadeirantes”, finaliza.
Gladis Maria Rosa Henrique, mãe do adolescente Vitor Rosa Henrique, que tem paralisia cerebral, também afirma que o carnaval trouxe muita alegria para a vida do filho. “Ele já desfilou outras vezes e nos ensaios sempre cantou, do jeito dele, porque não fala, mas encantou a todos. Participar com certeza é muito importante para incluir e permitir essa interação do meu filho. Ele é muito ativo e adora se sentir parte do carnaval”, diz.
Intérprete de Libras
Ao lado dos cantores, a intérprete de libras Karol Amparo, de 40 anos, interpreta todo o samba-enredo para os surdos. “No próprio ensaio eu já fazia a interpretação para os surdos que participavam do desfile. Então, surgiu a ideia de ir ao lado do cantor”, conta.
Para Karol, ainda faltam ações que garantam acessibilidade a todos os surdos que acompanham o carnaval, como por exemplo, um telão no sambódromo que mostrasse a interpretação de todo o desfile. “Em São Paulo e no Rio de Janeiro já acontece um trabalho de tradução dos sambas enredos. São gravados com antecedência. Sobre essa interpretação que faço em Santos, já recebemos muitos retornos positivos de surdos e ouvintes. Tem um integrante da X-9 que é surdo e ele ficou muito emocionado. Eles também tem o direito de participar, então a acessibilidade é essencial”, finaliza.
Fonte: G1