Um professor universitário de Santos, no litoral de São Paulo, vem colocando a inclusão social em prática por meio de uma iniciativa que proporciona passeios para pessoas com deficiência visual. O projeto ‘Santos às Cegas’, de Renato Frosch, consiste em levar os participantes para dar uma volta de bicicleta pela orla, com direito a paradas em alguns pontos para apresentar monumentos e espaços da arquitetura urbana por meio de réplicas em miniaturas 3D dos locais. O passeio é totalmente gratuito e acontece até 21 de fevereiro.
Quem produz as maquetes dos monumentos é o próprio Frosch, que, em entrevista ao portal G1, contou que começou a produzir as miniaturas como material pedagógico para pessoas com deficiência visual. De acordo com o professor, o projeto Santos às Cegas teve início em janeiro, a partir de um edital aberto pela Secretaria de Cultura de Santos.
O passeio, que é feito com um triciclo tandem, de dois lugares, acontece de segunda a sexta-feira e, também, aos fins de semana. Para participar, as datas precisam ser agendadas. Segundo Frosch, a iniciativa não é exclusiva para pessoas cegas, pois as maquetes atendem pessoas com todos os tipos de deficiência visual. “Isso é tratar da inclusão de verdade. Participam dos passeios pessoas que enxergam e, também, as que possuem deficiência”, relata o professor.
Ao estruturar o projeto, Renato realizou pesquisas a fim de encontrar iniciativas com propósitos iguais ou semelhantes. “Eu pesquisei e achei muitos projetos que levam pessoas com deficiência visual na bicicleta, mas algum que utiliza a bicicleta e maquetes, não encontrei. Me arrisco a dizer que é uma coisa que não acontece em outro lugar do mundo”, conta.
Sobre a oportunidade de promover essa experiência, Renato diz que é algo intangível. “É muito bom, as pessoas dão relatos bem interessantes. A gente não imagina como as coisas simples podem influenciar nas pessoas com deficiência visual, como sentir o vento no rosto. Muitos relatam que fazia tempo que não tinham essa sensação”.
Santos às Cegas
O passeio é conduzido por Renato Frosch sempre com um passageiro. O trajeto, que tem 5 km de extensão, faz paradas em seis pontos para apresentar monumentos e espaços da arquitetura urbana. Pessoas com todos os tipos de deficiência visual podem tocar e compreender as formas dos seguintes locais: monumento da Tomie Ohtake no Parque Roberto Mário Santini, muretas dos canais, cobertura do Edifício Vista Mar, farol do Canal 4, praça do Boqueirão e caravela em homenagem aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, na Praça Vereador Luiz La Scala, na Ponta da Praia.
Para participar, os interessados devem enviar e-mail para santosascegas@gmail.com.
Fonte: G1