Pais que têm filhos com deficiência e frequentam escolas da rede estadual de ensino em Marília estão vivendo um dilema. Os alunos estão sem poder contar com o auxílio dos cuidadores nas escolas e, para não atrapalhar o ano letivo, os pais estão indo às escolas para ajudar os filhos.
A rotina da estudante Ellen Nunes mudou depois que ela passou frequentar a Escola Estadual Lourenço de Almeida Senne. Ela está sem a ajuda de uma cuidadora em sala de aula desde o começo do ano e o pai Heriberto Magno César Nunes é quem tem sido seu braço direito. “Eu tenho dificuldade porque quando eu chego eu tenho que tirar meu material, tenho que pedir ajuda para os meus amigos.”
Heriberto chegou a encaminhar uma denúncia a ouvidoria das pessoas com deficiência do estado e a resposta foi para que ele procurasse a Diretoria Regional de Ensino de Marília. Foi o que ele fez, mas não adiantou. “Foi muito decepcionante, porque se tratando de um órgão da Secretaria de Deficientes Estadual, o retorno deles para mim foi muito frustrante.”
O aposentado Josué Bispo de Souza é pai da Ester de 12 anos que estuda na Escola Bento de Abreu. Ela depende de cadeira de rodas para se locomover. Sem o auxílio de uma cuidadora, todos os dias o pai precisa ir à escola na hora do intervalo para ajudar a filha na alimentação e higiene pessoal. “Você tem que se virar e cuidar da sua filha. Agora tem que não estão vindo para a escola justamente porque o pai e a mãe trabalham e não tem como vir aqui cuidar.”
O estudante Adriano, por exemplo, não tem a mesma sorte de Ester e hoje ele vê os dias passar do sofá de casa. O adolescente estudava na Escola Antônio de Batista, mas desde que a enfermeira Eliana da Silva Sala soube que não teria mais cuidadora, deixou de levar o filho. Ela conta que não pode sair do trabalho para ajudar o menino na escola. “É muito difícil porque o ensino já é precário, ainda não ter aula porque não tem um cuidador para ajudar ele.”
Segundo a Diretoria Regional de Ensino, existem em Marília outras 50 crianças que precisam de profissionais para auxiliar nas salas de aula, mas hoje são apenas dez cuidadoras. A dirigente Ivanilde Zamae explica que houve um atraso na contratação desses profissionais, isso porque o nome da função precisou ser alterado em todos os documentos.
“Nós temos que fazer a mudança em todas as folhas onde estiver escrito cuidador para a denominação: profissional auxiliar escolar. Mais ou menos de 20 a 30 dias estará finalizado e os profissionais estarão nas escolas atendendo as crianças”, afirma a dirigente.
Fonte: G1