“A gente sente a textura e acaba enxergando, do mesmo jeito que vocês”, diz a funcionária pública Ana Cláudia, deficiente visual, depois de visitar o estande de esculturas em palitos de fósforo na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). Acompanhada de audiodescritores e intérpretes, Ana Cláudia foi uma das pessoas com deficiência visual que fez o passeio da acessibilidade oferecido gratuitamente pela feira.
Além do acompanhamento com audiodescrição, o evento também oferecia da visita guiada com intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas com deficiência auditiva. Uma van faz o transporte dos visitantes com deficiência vindo do Derby, área central do Recife, para onde retornam ao final da experiência. No total, são dois audiodescritores, um consultor deficiente visual e um técnico de aparelhos, além dos dois intérpretes de libras e um consultor surdo.
Ana Cláudia marcou presença nos quatro dias em que o serviço foi oferecido, sempre das 14h às 17h, com capacidade máxima de receber até 20 pessoas por visitação. “É muito diferente vir aqui com audiodescrição e sem, porque de repente se eu quiser comprar alguma coisa específica eu posso pedir pra me guiarem pra lá. A gente tatei, sente, fazemos a experimentação. Não conseguimos ver, mas imaginamos o tamanho”, conta Ana, que não pretende mais retornar à feira sem estar acompanhada por um audiodescritor.
A intérprete de Libras Débora Pereira acredita que os resultados da visita são muito positivos, mas lamenta que poucas pessoas ficam sabendo do serviço. “Alguns surdos participaram de oficina de barro e foi bom porque tínhamos uma pessoa surda no grupo que quer ser artista e ela pode fazer perguntas, algo que, infelizmente, ela não teria acesso sem o intérprete de Libras”, conta.
Os estudantes Eduardo Carlos e Manuel Minervino, por exemplo, conseguiram tirar algumas dúvidas sobre produção de peças como as luminárias de pedras de sal do espaço do Himalaia. “Essa pedra é realmente diferente, não sabia que ela vinha de um lugar tão profundo. Se eu não tivesse um intérprete, eu não iria entender nada do que aprendi hoje, porque não tem como perguntar às pessoas”, explica Manuel, através da tradução simultânea com Libras.
A Fenearte funciona das 14h às 22h, durante a semana, e das 10h às 22h, nos sábados e domingos. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia) de segunda a quinta e R$ 12 e R$ 6 nas sextas, sábados e domingos.
Foto: Daniela Nader/Divulgação
Fonte: G1